Vice do Corinthians rebate suspeita de desvios de camisa da Nike: ‘Se comprovar, renuncio’

Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians, se reuniu com a imprensa nesta quarta-feira para se defender da acusação de que teria desviado 131 itens esportivos da Nike sem formalização no sistema. Ele negou que seria o responsável pela gerência dos almoxarifados, tanto no CT Joaquim Grava quanto no Parque São Jorge, e diz que os materiais não tiveram como destino o seu benefício próprio. O dirigente também apontou falhas no processo e diz que sua reputação foi afetada.

Em reunião com profissionais da imprensa, o vice diz que retirou apenas uma parcela dos materiais imputados a ele e todos de maneira legal. O dirigente apresentou documentos e e-mails que comprovariam a sua inocência. “Das 131 camisas, 84 não foram retiradas por mim – dessas, 62 sequer saíram do Corinthians. Isso significa que eu retirei 47 materiais e uso de relacionamento e estou com as minhas assinaturas. Em cinco meses dá uma média de cinco materiais por mês”, explicou.

Armando explicou que as solicitações de camisas e outros uniformes são feitas ao gerente de cada departamento, por meio de funcionários em um sistema digital utilizado pelo clube, ao responsável pelo almoxarifado. As requisições passam pelo controle do departamento administrativo e, após as etapas, o ele autoriza a liberação, como mera formalidade. Ele apresentou diferentes documentos comparando requisições com a sua assinatura e outras assinados por demais funcionários que teriam retirado materiais

“Conversei com o presidente (Osmar Stábile) e com o Cori (Conselho de Orientação). Não só falei como provei e documentei. Fui também à autoridade policial e apresentei todos os documentos. Não sei porque estão fazendo essa sacanagem comigo”, disse. “No Corinthians não basta ser honesto, tem de provar que é honesto. Nunca desviei um material do Corinthians. Nunca fiz uso indevido do material, a não ser para uso institucional.”

Armando Mendonça demonstrou revolta com o trabalho apresentado no relatório e revelou que pediu ao Corinthians a realização de uma auditoria externa. “Tem falhas gritantes em relação a minha pessoa (…) Esse trabalho não faz nenhuma acusação contra mim, mas a narrativa levou à interpretação que eu desviei material. Se fizer uma auditoria externa, especializada, e se constatar que eu desviei um grampo do Corinthians, eu renunciou no dia seguinte!”

Armando também diz que só retirou duas camisas especificamente para relacionamento em dois dias de jogos, totalizando cinco camisas e não 170 como é apontado, ao todo, no relatório. Com relação ao estouro da cota da Nike pelo clube, o vice afirmou se tratar de uma “herança maldita” da gestão anterior e que o clube está trabalhando em todos os setores para melhorar o serviço internamente e reforçou confiança no presidente Osmar Stábile.

Ele reclama de não ter sido ouvido durante o processo de auditoria e que só teve acesso ao relatório em 7 de novembro. Ele nega que tenha ameaçado Marcelo Munhoes, diretor de tecnologia responsável pela auditoria, e rebate a informação de que atrapalhou a entrevista com Rafael Garrote, representante da Nike. Ele cita uma ligação em viva-voz com o representante da marca e Osmar.

Armando também rebateu a informação de que desviou oito camisas comemorativas da NFL. Aos jornalistas, ele mostrou um e-mail em que solicitou a separação do material para fazer a requisição para presentear colaboradores do evento na Neo Química Arena e que documentou as oito camisas que estavam temporariamente em sua posse para uso pessoal para juntar à requisição para formalizar a retirada. Ele nega que tenha pedido para cancelar a solicitação por causa da auditoria, mas que apenas não fez a retirada para não prejudicar o processo e que os uniformes estão guardados.

Armando diz também que não foi responsável pela transferência de uniformes da nova terceira camisa do CT para o Parque São Jorge após a comissão técnica reclamar da qualidade dos materiais. Ele afirma que a Nike não solicitou o retorno das peças, mas como não haveria como fazer alterações na notas fiscais, o material ficou sem registro. Assim, ele atendeu o pedido de Osmar para ordenar a ida dos uniformes à sede do clube.

O vice também leu um e-mail de um colaborador da auditoria, Luiz Moraes, que afirmou não ter qualquer participação no relatório, porém aparece no documento que Armando recebeu como um dos auditores em uma primeira versão. Por isso, notificou Marcelo Munhoes extrajudicialmente. Posteriormente, o documento que vazou para a imprensa apareceu alterado, sem o nome do colaborador entre os auditores.

Armando diz que sabia nos bastidores que seu nome estava envolvido na polêmica e quer conversou com Munhoes em uma reunião de diretores e que salientou a sua preocupação com a responsabilidade da auditoria em frente aos demais, mas não voltou a falar com o auditor.

O dirigente também explicou que a falta de uniformes para jogar contra o Fluminense, no Maracanã, aconteceu por uma falta de tempo hábil na logística da Nike para a entrega de um novo enxoval.

O vice destacou que o relatório de auditoria “estranhamente não consta” a apresentação de materiais que foram retirados para o setor de TI a pedido do auditor Munhoes, incluindo seis camisetas, uma mochila solicitada pelo diretor de tecnologia e uma camiseta autografada solicitada pelo outro auditor, Reginaldo Nascimento.

Armando diz ainda que, após Stábile assumir o cargo, foi ele quem exigiu melhorias do departamento de tecnologia para diminuir burocracias e evitar desvios, além de ter pedido ao Conselho a realização de inventário e implementação de um sistema para lançamento de notas fiscais. O vice disse ainda que, após um pedido seu, hoje todo o material utilizado nos jogos voltam para o almoxarifado e não ficam mais na rouparia justamente para ter o controle.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) a pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Armando Mendonça prestou depoimento nesta terça-feira, 15, onde apresentou as inconsistências afirmadas aos jornalistas.

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Por Redação Folha de Guarulhos.

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