O São Paulo teve aprovado a proposta orçamentária para 2026 no Conselho Deliberativo. Em votação apertada, 112 conselheiros (50,23%) votaram pela aprovação, contra 107 (47,98%) – apenas cinco votos de diferença. Houve quatro abstenções registradas (1,79%).
O boletim de apuração dos votos contabiliza apenas 223 votantes (incluindo abstenções). Isso significa que cerca de 30 integrantes deixaram de participar.
O resultado ilustra o que foi a tensão na apresentação da proposta. Na quarta-feira, a reunião do Conselho Deliberativo precisou ser encerrada mais cedo, e a Polícia Militar acionada, após uma tentativa de invasão de torcedores no salão nobre do MorumBis.
São previstos R$ 931,8 milhões em receitas. Já as despesas estão projetadas em R$ 893,8 milhões. O superávit de R$ 37,9 milhões é previsto apesar de sucessivos déficits de janeiro a novembro.
O resultado positivo seria a partir de negociação de atletas (cerca de 40% da previsão de receita) e premiação do Campeonato Brasileiro. A receita com vendas, contudo, é prevista como menor que em 2025.
Se não considerado o dinheiro das saídas de atletas, o resultado previsto é de déficit de R$ 126 milhões no ano. Nesse cenário, o déficit recorrente médio é de R$ 10,5 milhões por mês.
O futebol profissional é único o setor que tem redução (5%) nos gastos, ainda que seja o mais caro, com R$ 542,2 milhões. As outras áreas têm aumento de despesas em comparação ao orçamento de 2025. O mais curioso é o planejamento da festa junina de 2026, que projeta receita de R$ 480 mil e despesas de R$ 3,5 milhões – um déficit de quase R$ 3 milhões.
A base tem destaque na proposta de Casares. Em dois anos, haveria um aumento de quase 50%, segundo o plano de 2026. Os R$ 40 milhões de 2024 saltariam para R$ 59 milhões no ano que vem.
Para operar, com 11 meses no vermelho, o São Paulo planeja a captação de R$ 270 milhões em novos empréstimos ou por meio do FIDC (fundo que amortiza dívidas com bancos e instituições financeiras).
A votação acirrada se dá em contexto de dissidências. O grupo Legião, do ex-diretor de futebol Carlos Belmonte, liberou o voto para seus conselheiros. Já o grupo Salve o Tricolor Paulista, que conta com 41 conselheiros, votou integralmente contra.
Além da disputa eleitoral que se aproxima, recentes escândalos vieram à tona no clube. Primeiro, foi exposta a crise no departamento médico do clube. Depois, se tornou público um suposto esquema de venda ilegal de ingressos em um camarote do MorumBis. Nesta quinta-feira, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) solicitou abertura de inquérito policial sobre o caso.


