Após três anos de domínio da polonesa Iga Swiatek, Roland Garros conheceu sua nova campeã. No duelo entre as duas melhores tenistas da atualidade, na final feminina deste sábado, a norte-americana Coco Gauff derrotou a belarussa Aryna Sabalenka por 2 sets a 1, de virada, com parciais de 6/7 (5/7), 6/2 e 6/4, em 2h37min de partida, na quadra Philippe-Chatrier, no complexo parisiense, e conquistou seu segundo troféu de Grand Slam na carreira.
O inédito título de Roland Garros – ela havia vencido o US Open – rendeu à número 2 do mundo sua 10ª conquista no circuito da WTA. De quebra, a norte-americana desempatou o equilibrado histórico de confrontos diretos com Sabalenka, agora somando seis vitórias e cinco derrotas. Já a número 1 do mundo deixou escapar a chance de vencer pela primeira vez o Grand Slam francês.
Primeira americana a triunfar no Grand Slam francês em uma década, desde o título de 2015 de Serena Williams, Gauff deu um caloroso abraço na rival, chorou ajoelhada na terra batida da quadra central de Roland Garros, cumprimentou o diretor de cinema Spike Lee e tirou um peso das costas.
“Sinceramente, eu não achava que conseguiria vencer”, disse Gauff. “Vou citar (o rapper americano) Tyler, The Creator aqui, que disse: ‘Se eu alguma vez te dissesse que tinha uma dúvida dentro de mim, eu devia estar mentindo’. Gostaria de deixar isso com vocês. Obrigada, Paris!”
Em seu discurso em quadra, a número 2 do mundo lembrou da derrota para Iga Swiatek na final de 2022, quando tinha apenas 18 anos, e o quanto aquele resultado a colocou em um “lugar sombrio”, agradecendo, em seguida, o apoio dos torcedores na final deste sábado.
“A torcida me ajudou muito hoje, vocês estavam torcendo muito por mim e eu não sei o que fiz para merecer tanto amor da torcida francesa”, disse, estendendo os agradecimentos aos pais. “Vocês provavelmente acreditam mais em mim do que eu mesma. Vocês me mantêm com os pés no chão e me fazem acreditar que eu consigo.”
Na final deste sábado, o primeiro set foi tenso e recheado de quebras dos dois lados no saibro francês. Na reedição da final do WTA 1000 de Madri, Sabalenka iniciou a partida de forma arrasadora, permitiu a reação da norte-americana, mas levou a melhor no tie-break no primeiro set. A belarussa mostrou agressividade em quadra e quase não deu chances à norte-americana no início. Gauff teve o serviço quebrado logo no terceiro game, salvou três break points no quinto, mas novamente saiu derrotada, deixando a rival abrir 4/1 no placar.
Em situação delicada na partida, a jovem de 21 anos reagiu. Antes defensiva, ela quebrou o serviço da belarussa, que perdeu o foco e passou a errar, sacou para reduzir a vantagem para 4 a 3 e aproveitou o último de seus cinco break points para igualar o marcador em 4/4.
Nos games decisivos, as duas tenistas mostraram muito nervosismo e abusaram dos erros. Sabalenka se recuperou no oitavo game e quebrou o serviço da adversária, retomando a liderança no set, mas levou o troco em um game de 13 minutos, após salvar mais cinco break points, desperdiçando devoluções fáceis na rede.
A número 1 do mundo se recuperou com nova quebra no 11º game, mas sofreu outra com uma paralela de Gauff. No tie-break, a número 2 do mundo começou melhor e abriu 4 a 1, mas Sabalenka recuperou a confiança, virou a partida e fechou em 7/5.
O equilíbrio do set inicial deu lugar a um passeio de Gauff a partir daí. A norte-americana voltou para o segundo set com uma postura mais agressiva, como a que fez derrotar a sensação francesa Lois Boisson na semifinal e, de cara, quebrou o serviço de Sabalenka, abrindo 2 a 0 de vantagem após sacar. Enquanto a melhor tenista da temporada se irritava a cada erro, a norte-americana voltou a se impor no saque da rival no quinto game e abriu 4/1, com apenas 9 erros não forçados contra 19 da adversária na parcial.
A belarussa só reagiu no sexto game, quebrando o serviço de Gauff, mas sofreu novo revés na sequência, abusando dos erros – já somava 50 erros não forçados na partida – e Gauff aproveitou o melhor momento e suas bolas rápidas para fechar o set com rara tranquilidade, em 6/2, diante da melhor do mundo.
No terceiro set, Gauff manteve a paciência e o domínio diante de uma desconcentrada Sabalenka, brigando por todas as bolas e aproveitando os erros da adversária. A norte-americana confirmava seus saques sem dificuldades e levava à adversária ao limite no saque desta. Foi assim que ela quebrou o serviço da belarussa no terceiro game e a obrigou a salvar dois break points no quinto.
Apesar do desempenho abaixo do habitual, Sabalenka conseguiu quebrar o serviço da jovem e igualou o jogo em 3 a 3, mas não resistiu aos três break points de Coco Gauff no game seguinte. Com a adversária pressionada e sem se encontrar em quadra, a norte-americana, que contava com o apoio em peso da torcida, confirmou seu serviço, administrou a vantagem e venceu o set por 6/4, garantindo a conquista inédita.
“Isso vai doer muito. Coco, parabéns, você foi uma jogadora melhor do que eu em condições difíceis”, disse a líder do ranking da WTA, após a derrota na final. “Obrigada à minha equipe pelo apoio e desculpem por essa final terrível. Como sempre, voltarei mais forte.”
Sabalenka, que não escondeu o choro na cerimônia de premiação, terminou a partida com incríveis 70 erros não forçados, contra 30 da oponente. A líder do ranking disparou 37 bolas vencedoras, diante de 30 da americana.