‘Riscos de recessão nos EUA estão diminuindo bastante, mas tarifas podem impactar’, diz BMI

Os riscos de recessão nos Estados Unidos estão diminuindo significativamente, mas as tarifas podem alterar esse cenário, na avaliação do economista-chefe do BMI, Cedric Chehab, em webinar sobre macroeconomia apresentado nesta quarta-feira. Para ele, o adiamento do prazo tarifário feito pelo presidente americano, Donald Trump, prolonga a incerteza, mas demonstra que o republicano está em busca de melhores acordos comerciais.

“Países menores podem ter mais dificuldades com as negociações tarifárias porque eles têm ‘pouco a oferecer’. Esperamos que mais acordos sejam assinados”, disse. Segundo o especialista, a combinação de altas tarifas, inflação e um ligeiro enfraquecimento do mercado de trabalho americano pesarão sobre o setor de consumo nos próximos meses, apesar do lento avanço econômico dos EUA. “Existem dois riscos adicionais para a economia americana: o mercado de trabalho e a moradia”, acrescenta.

Chehab pondera que a incerteza tarifária, o crescimento mais fraco, as críticas de Trump à postura de política monetária do Federal Reserve (Fed) e o “desmantelamento do carry trade” pesaram sobre o dólar. “Esperamos que o DXY seja negociado na faixa de 95-100 pontos, pois esses fatores continuarão a pesar sobre o dólar no curto prazo”, afirmou, ao ressaltar que não espera uma depreciação do índice abaixo desse nível.

O economista-chefe defendeu ainda que o Fed está se tornando mais dovish, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) tem mais espaço para cortar as taxas de juros. Em relação à Europa, ele avalia que a zona do euro se prepara para o impacto tarifário do segundo trimestre de 2025, enquanto o crescimento da indústria europeia luta para manter o ritmo de março. “Perspectivas otimistas aumentam à medida que a Europa prepara a resposta fiscal. Prevemos um crescimento médio de 1,4% para a zona do euro nos próximos cinco anos (ante 2% entre 2015 e 2019)”, citou.

Para a China, segundo ele, a previsão de crescimento da China é de 4,5% neste ano, um pouco abaixo da meta de “cerca de 5%”. “Os riscos para o crescimento diminuíram, mas a desaceleração está por vir”, reafirmou, ao citar a moradia e o consumo como riscos. De acordo com Chehab, apesar dos “ventos contrários” no cenário global, mercados emergentes, como o Brasil, podem surgir como “oportunidades interessantes de investimento”.

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