Aos 80 anos, Larry Ellison voltou ao topo do mundo. Cofundador da Oracle, ele acaba de ultrapassar Jeff Bezos e Mark Zuckerberg no ranking da Forbes, tornando-se a segunda pessoa mais rica do planeta, atrás apenas de Elon Musk. Seu patrimônio é estimado em US$ 281,8 bilhões, e foi recentemente impulsionado pela disparada das ações da empresa que ajudou a fundar há quase meio século.
Nascido em Nova York e criado por tios adotivos em Chicago, Ellison teve uma infância marcada por incertezas. Sua mãe biológica o entregou ainda bebê, e ele cresceu em um lar modesto, com pouco apoio do pai adotivo. Durante a juventude, abandonou duas universidades, mas encontrou seu caminho na efervescente cena tecnológica da Califórnia dos anos 1970.
Em 1977, ao lado de dois colegas, fundou a Software Development Laboratories com apenas US$ 2 mil. O nome Oracle viria pouco depois, inspirado em um projeto de banco de dados para a CIA. A ideia era ousada: transformar um conceito acadêmico sobre bancos de dados em um produto comercial para empresas.
A Oracle enfrentou altos e baixos nos primeiros anos. No início da década de 1990, quase foi à falência por práticas contábeis agressivas. A recuperação veio com uma mudança estratégica: a empresa passou a vender plataformas completas, forçando os clientes a adaptar seus processos ao software, e não o contrário.
Ellison comandou a Oracle como CEO por 37 anos, até 2014, e hoje atua como presidente do conselho e diretor de tecnologia. Com uma visão voltada para grandes contratos e integração total, liderou uma série de aquisições bilionárias, incluindo Sun Microsystems, NetSuite e Cerner, esta última por US$ 28,3 bilhões em 2021.
Mesmo tendo perdido espaço para rivais como Amazon e Microsoft durante o boom da computação em nuvem, a Oracle deu a volta por cima nos últimos anos. Com investimentos maciços em infraestrutura de dados e inteligência artificial, tornou-se uma das empresas-chave para o treinamento de modelos de IA, inclusive para governos.
Em janeiro de 2025, Ellison apareceu ao lado do presidente dos EUA Donald Trump e de Sam Altman, da OpenAI, no anúncio do Stargate Project, um plano de US$ 500 bilhões para garantir a liderança dos EUA em inteligência artificial. A Oracle é um dos pilares técnicos da iniciativa, responsável por hospedar e operar parte da infraestrutura.
Fora do mundo corporativo, Ellison também é conhecido por seu estilo de vida extravagante. Em 2012, comprou quase toda a ilha de Lana’i, no Havaí, onde hoje vive. É dono de iates luxuosos, aviões particulares e já investiu em esportes como tênis e vela, chegando a vencer a America’s Cup com o Oracle Team USA em 2013.
Ao todo, já doou centenas de milhões de dólares para causas como pesquisa médica, infraestrutura educacional e projetos militares em Israel.
Entre 2018 e 2022, foi membro do conselho da Tesla, empresa na qual investiu pesadamente. Ele também se envolve diretamente com política: já doou milhões a campanhas republicanas e permitiu que Trump realizasse eventos em suas propriedades. Apesar de manter distância pública, é visto como um dos bilionários mais influentes nos bastidores do poder.
Seus filhos seguiram rumos próprios no setor do entretenimento. Megan Ellison fundou a produtora Annapurna Pictures e Annapurna Interactive, responsável por filmes como Ela e o jogo Stray. Já David Ellison está prestes a assumir o controle da Paramount, após fusão com a Skydance Media, em negócio viabilizado com recursos do próprio Larry.
Em janeiro, Donald Trump chegou a dizer que aprovaria a compra do TikTok por Elon Musk e depois sugeriu que Ellison também pudesse comprar o app. Essa declaração aconteceu após o republicano anunciar o investimento do governo americano junto a empresas privadas de US$ 500 bilhões em infraestrutura de inteligência artificial.
“Larry, vamos negociar na frente da mídia”, disse o republicano. “Estou pensando em dizer para alguém ‘compre [o TikTok] e dê metade para os Estados Unidos e nós te daremos a permissão [para operar]’”.
A fala foi mais um gesto de Trump para garantir a continuidade do aplicativo de vídeo curtos. E a resposta veio: “Me parece um bom negócio, presidente”, disse Ellison. A negociação, contudo, ainda não foi confirmada.