O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar a Secretaria-Geral da Presidência nesta segunda-feira, 20. A pasta é responsável pela articulação com os movimentos sociais e era ocupada pelo ministro Márcio Macêdo (PT), alvo de críticas por não ter conseguido melhorar a relação do governo com os grupos.
O início das conversas sobre Boulos assumir a pasta ocorreu em maio. O anúncio oficial ocorre quase cinco meses depois.
Boulos ganhou projeção política justamente por sua atuação nos movimentos sociais. Praticamente desde a origem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre 2002 e 2003, foi o coordenador nacional da organização, o que lhe rendeu a fama na oposição de “invasor de casas”, amplamente utilizada por adversários nos pleitos em que concorreu.
Professor, Boulos é formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), e disputou cargos no Executivo três vezes, aos quais não foi eleito.
A estreia do psolista de 42 anos foi em 2018, quando tentou a Presidência. Obteve 617.122 votos, ficando em 10º lugar entre os 13 candidatos do pleito. Em 2020, se candidatou a prefeito em chapa com Luiza Erundina (PSOL), recebendo 40,62% dos votos válidos no segundo turno contra Bruno Covas, do PSDB, que tinha Ricardo Nunes (MDB) como vice.
Ano passado, tentou novamente a Prefeitura, em chapa formada com a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) e com apoio de Lula, mas perdeu para Nunes, que teve o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), como principal cabo eleitoral.
O pleito foi marcado por baixarias, principalmente envolvendo o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que teve o psolista como principal alvo. Na véspera do primeiro turno, Marçal divulgou um laudo falso acusando Boulos de ter sido internado por uso de cocaína. O documento teve assinatura forjada de médico que já faleceu.
Em 2022, Boulos foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de um milhão de votos, a maior votação entre candidatos paulistas, sendo um dos 13 parlamentares integrantes da bancada do PSOL em exercício.
Como mostrou a Coluna do Estadão, em resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PSOL em dezembro de 2022, às vésperas de Lula voltar ao Planalto, o partido destacou que “não terá cargos na gestão que se inicia”. Após a publicação da reportagem, o PSOL disse que o impedimento se restringe a dirigentes partidários.