O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, afirmou neste domingo, 17, que o presidente russo, Vladimir Putin, concordou em sua cúpula com o presidente Donald Trump em permitir que os EUA e aliados europeus ofereçam à Ucrânia uma garantia de segurança semelhante ao mandato de defesa coletiva da Otan, como parte de um eventual acordo para encerrar a guerra de três anos e meio.
“Conseguimos garantir a seguinte concessão: que os Estados Unidos poderiam oferecer uma proteção similar ao Artigo 5, que é uma das principais razões pelas quais a Ucrânia quer entrar na Otan”, disse Witkoff no programa State of the Union, da CNN. Ele acrescentou que “foi a primeira vez que ouvimos os russos concordarem com isso”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em entrevista coletiva em Bruxelas, ao lado do presidente ucraniano Volodmir Zelenski, que “saudamos a disposição do presidente Trump de contribuir com garantias de segurança similares ao Artigo 5 para a Ucrânia. E a ‘coalizão dos dispostos’ – incluindo a União Europeia – está pronta para fazer a sua parte.”
Witkoff, ao detalhar algumas das primeiras discussões da cúpula realizada na sexta-feira no Alasca, disse que os dois lados concordaram com “garantias de segurança robustas que eu descreveria como transformadoras”. Ele acrescentou que a Rússia se comprometeu legislativamente a não avançar sobre nenhum território adicional na Ucrânia.
Zelenski agradeceu aos EUA pelos sinais recentes de apoio às garantias de segurança, mas afirmou que os detalhes ainda não estavam claros.
“É importante que os Estados Unidos concordem em trabalhar com a Europa para fornecer garantias de segurança à Ucrânia”, disse ele. “Mas ainda não há detalhes de como isso vai funcionar, qual será o papel da América, da Europa e o que a UE pode fazer. Essa é nossa principal tarefa: precisamos que a segurança funcione na prática como o Artigo 5 da Otan, e consideramos a adesão à UE parte das garantias de segurança.”
Novos cenários
Witkoff defendeu a decisão de Trump de abandonar a pressão para que a Rússia aceitasse um cessar-fogo imediato, dizendo que o presidente se voltou para um acordo de paz porque havia sido feito “progresso significativo”.
“Cobriram-se quase todas as outras questões necessárias para um acordo de paz”, afirmou Witkoff, sem dar mais detalhes. “Começamos a perceber uma certa moderação na forma como eles pensam em chegar a um acordo de paz final”.
Secretário de Estado, Marco Rubio afirmou que haveria “consequências adicionais”, como Trump havia alertado antes de se reunir com Putin, caso não fosse alcançado um cessar-fogo. No entanto, Rubio destacou que não seria possível fechar qualquer tipo de trégua quando a Ucrânia não estava presente nas negociações.
“Agora, se não houver um acordo de paz, se esta guerra não acabar, o presidente deixou claro que haverá consequências”, disse Rubio no programa This Week, da ABC. “Mas estamos tentando evitar isso. E a maneira de evitar essas consequências é com uma consequência ainda melhor, que é a paz, o fim das hostilidades.”
Rubio, que também é conselheiro de segurança nacional de Trump, disse não acreditar que novas sanções à Rússia obrigariam Putin a aceitar um cessar-fogo, embora ele não descartasse a possibilidade. Segundo Rubio, “a melhor forma de encerrar este conflito é por meio de um acordo de paz completo”.
“Na hora em que você impõe novas sanções, sua capacidade de trazê-los à mesa de negociações – nossa capacidade de trazê-los à mesa – será severamente reduzida”, afirmou Rubio no Meet the Press, da NBC.
Ele também ressaltou que “não estamos à beira de um acordo de paz” e que chegar lá não será fácil, exigindo muito trabalho.
“Avançamos no sentido de identificar áreas potenciais de acordo, mas ainda existem grandes pontos de divergência. Portanto, ainda estamos longe”, disse Rubio.
Zelenski e líderes europeus têm encontro marcado para segunda-feira, 18, com Trump na Casa Branca, após as conversas do presidente americano com Putin.
“Acredito que todos concordaram que fizemos progresso. Talvez não o suficiente para um acordo de paz, mas estamos no caminho, pela primeira vez”, disse Witkoff.
Ele acrescentou: “A questão fundamental, que é algum tipo de troca territorial – que obviamente está sob controle dos ucranianos – não pôde ser discutida nesta reunião com Putin. Pretendemos discutir isso na segunda-feira. Esperamos ter alguma clareza e que isso resulte em um acordo de paz muito em breve”.