Um dos nomes mais influentes da comédia latino-americana, Roberto Gómez Bolaños teve sua vida adaptada na série Chespirito: Sem Querer Querendo, da Max. Embora suas produções Chaves e Chapolin Colorado estejam entre as mais vistas da história do México, o ator Pablo Cruz Guerrero, intérprete de Bolaños no seriado, confessa que não conhecia os programas infantis antes de assumir o papel.
“Quero me convencer que [não conhecer Chaves e Chapolin] me permitiu ter uma objetividade em relação à história”, disse o ator em entrevista ao Los Angeles Times. “Se eu fosse um fã, teria sido dominado pelo nervosismo ao viver o personagem.”
Na entrevista com a publicação norte-americana, Guerrero afirmou que foi convencido a fazer o teste para Bolaños, em 2023, pela diretora de elenco da série, Isabel Cortázar. Antes dela, ninguém havia apontado qualquer similaridade entre ele e Chespirito. “Antes de ela me ligar, nunca havia passado pela minha cabeça interpretá-lo.”
A falta de familiaridade de Guerrero com a obra de Bolaños criou dúvida na família do comediante, que assina o roteiro e a produção da série. “Podia ler em seus rostos que estavam pensando ‘estamos tomando a decisão certa [ao escalar] alguém que já não ame genuinamente o legado de nosso pai?’”, lembrou ele.
Embora admita a dúvida com a escalação, Roberto Gómez Fernandez, filho de Bolaños, diz que ficou impressionado com o trabalho de Guerrero após ver sua atuação. “Vi meu pai nele em situações complexas em cena e em pequenas piscadelas e olhares para a câmera que o Pablo fez.”
Apesar de ser uma série biográfica, o fato de Chespirito: Sem Querer Querendo ter elementos fictícios ajudou Fernandez, que assina o roteiro ao lado da irmã Paulina Gómez Fernandez, a aceitar as escolhas profissionais de Guerrero. “Precisei lembrar que não estava pensando no meu pai, mas no personagem de Roberto Gómez Bolaños. [Os personagens] não eram pessoas reais porque você tem que transformá-los em personagens e, às vezes, tem que mudar algumas coisas para que as dinâmicas dramáticas tenham maior efeito.”
Sem ligação com os clássicos televisivos de Bolaños, Guerrero procurou se aprofundar na personalidade do comediante através de sua autobiografia, Sin Querer Queriendo: Memorias, publicada em 2006. “Tentei estabelecer um diálogo metafísico através das palavras que ele escreveu e editou ele mesmo no livro. Fiz perguntas e senti que tive uma belíssima conversa graças ao livro.”
O esforço, felizmente, deu resultado. “[Os filhos de Bolaños] me disseram ‘acabo de ouvir meu pai através de você. Acabei de conversar com meu pai. Apertei sua mão e lhe dei um abraço’. Isso me deu forças para me sentir mais em sua pele e não ter dúvidas por causa do meu distanciamento.”
Mais do que dicas para viver Bolaños, o livro também deu a Guerrero conselhos sobre paternidade. O ator contou que descobriu que seria pai na mesma semana em que conseguiu o papel, acontecimento que mudou sua leitura. “Queria absorver seu conhecimento e sua experiência de ser pai”, contou.
“Em momentos de medo, insegurança e dúvida, me perguntava ‘cara, como eu vim parar aqui?’ E tudo isso se resolvia com uma risada, porque na minha frente eu via o título da série, Sem Querer Querendo“, brincou Guerrero, adotando o bordão de Chaves como explicação para o momento que vivia.
Chespirito: Sem Querer Querendo estreou na Max neste 5 de junho, com episódios semanais chegando à plataforma toda quinta-feira. Ao total, oito capítulos serão transmitidos.