A pressão de associados, torcedores, grupo de investidores e do presidente Antônio Carlos Castanheira deu resultado. Marcos Rógerio Lico, presidente da Assembleia Geral de Sócios, decidiu retificar a ata da votação da SAF da Portuguesa nesta quarta-feira, abrindo caminho para que a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) seja homologada e o clube não corra mais riscos de perder os acionistas e ter de decretar falência.
Lico removeu trecho da ata que era um obstáculo para a oficialização da SAF, de modo que exigia uma homologação posterior à votação, o que desrespeitava o estatuto do clube, segundo associados, dirigentes e torcedores. O cartola alegava que o resultado só seria homologado se as ressalvas levantadas pelo COF fossem aceitas pelos investidores, que, porém, defenderam que essas recomendações foram contempladas no contrato assinado entre as partes. A pressão o fez mudar de ideia.
O departamento jurídico da Portuguesa vai, agora, registrar a ata em cartório. Depois, dirigentes do clube e da SAF, juntos, irão à Federação Paulista de Futebol (FPF) para homologara a SAF. O mesmo será feito depois na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Isso feito, a Portuguesa poderá registrar novos atletas, receber cotas de televisão, valores de premiação etc, o que não poderia sem a ter a SAF oficializada.
Formado por Tauá Partners, Revee e XP Investimentos, o grupo de investidores que comprou 80% das ações do clube em troca de um aporte de mais de R$ 1 bilhão cogitava levar o caso à Justiça ou até abandonar o projeto, por falta de segurança jurídica. se o problema não fosse resolvido.
Também foi determinante para a ata ser retificada a cobrança de associados, que, como mostrou o Estadão, enviaram uma notificação extrajudicial ao presidente da assembleia. Eles argumentaram que a conduta de Lico caminhava na contramão do que prevê o estatuto e do que foi deliberado pelos sócios, “configurando abuso de poder e um atentado contra a democracia interna do clube”.
Também ameaçaram ir à Justiça para “corrigir essa ilegalidade e responsabilizar pessoalmente cada um daqueles que insistem em prejudicar a Portuguesa”. Os associados acreditavam que o cartola agia “para levar o clube à ruína” e disseram não suportar mais “manobras pessoais de pessoas que querem ver a destruição do clube”.
A Portuguesa tem uma dívida de R$ 550 milhões, que está sob controle porque o clube está em processo de recuperação judicial. Se Tauá, Revee e XP largassem o projeto, seria decretada falência pela Justiça, algo que nunca ocorreu como um time de futebol profissional.