A Polícia Civil do Rio de Janeiro estima que o Comando Vermelho tenha usado 500 homens armados no confronto com a polícia durante a megaoperação da semana passada. A informação consta no documento enviado nesta segunda-feira, 3, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Os elementos criminosos, estimados em cerca de 500, muitos vestidos com roupas camufladas para dificultar a identificação, empregaram elevado poder bélico e métodos capazes de gerar risco letal difuso”.
Ainda de acordo com a polícia, apenas as armas confiscadas têm valor superior a R$ 12 milhões.
No relatório, o governador Claudio Castro (PL) afirma que o uso proporcional da força, “ainda que intensa”, foi necessário frente ao perfil paramilitar do Comando Vermelho. O documento foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento foi entregue à Moraes depois de o ministro do STF pedir explicações ao governo do Rio sobre o planejamento e a execução da megaoperação. O ministro é relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que estabelece regras para as incursões policiais nas favelas e comunidades do Rio.
De acordo com o relatório, elaborado pela Secretaria de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol) e assinado por Cláudio Castro, a operação não infringiu as determinações da ADPF.
“A Operação Contenção, realizada em 28/10/2025, observou integralmente os parâmetros constitucionais e jurisprudenciais aplicáveis, bem como as diretrizes e determinações da ADPF nº 635 (…). Foi planejada com controle judicial e acompanhamento ministerial, concentrando-se, preferencialmente, em áreas não residenciais, sem impacto sobre escolas, e com emprego proporcional da força”, afirma outra parte do documento.
Deflagrada na última terça, a operação Contenção mirou líderes do Comando Vermelho que atuam nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio. Dos 121 mortos, quatro eram policiais. Os demais 117 estariam envolvidos com o crime organizado, segundo a polícia.
A ofensiva foi realizada para cumprir 100 mandados de prisão (incluindo 30 expedido pela Justiça do Pará). Um dos alvos principais, Edgar Alves de Andrade (conhecido como Doca ou Urso), e apontado como uma das principais lideranças da facção fora da cadeia, conseguiu escapar e encontra-se foragido.
Conforme o relatório, 113 pessoas foram presas. Cerca de 120 armas foram recuperadas, incluindo 96 fuzis, e aproximadamente duas toneladas de maconha e 22 quilos de cocaína foram apreendidos. Entre feridos, 13 são policiais (cinco civis e oito militares), quatro são civis e dois são criminosos presos, segundo o documento da Sepol.


