A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Cleveland, Beth Hammack, projetou que a inflação dos Estados Unidos não deve retornar para a meta de 2% nos próximos dois anos, em rodada de perguntas e respostas no Clube Econômico de Nova York, nesta quinta-feira, 6. Segundo ela, a inflação ao longo dos anos “vai além da pressão tarifária”.
“Estou um pouco apreensiva com a política atual, dada a inflação”, acrescentou. “A maior ‘falta’ do Fed está no que diz respeito à inflação em relação à meta de geração de empregos”, disse, ao mencionar que os dados oficiais – que tiveram a divulgação suspensa por conta do shutdown – fazem falta para a avaliação da economia, mas que há outros indicadores em que os dirigentes “podem confiar”.
Hammack, que acredita que o BC norte-americano está perto da taxa neutra, classificou como “desafiador” o momento para os formuladores de política monetária e defendeu que o Fed ainda deve se manter restritivo.
Sobre o mercado acionário, ela destacou que há muito otimismo em relação à inteligência artificial (IA), o que pode impulsionar para uma supervalorização do setor, mas disse que o atual momento pode ser comparado com o que aconteceu durante a expansão da internet.
“A IA é uma mudança econômica estrutural que não se adapta bem a mudanças de política monetária”, afirmou a dirigente do Fed.
Hammack não acredita que a ferramenta de tecnologia substitua o trabalho humano, mas citou o impacto na produtividade.
A presidente do Fed de Cleveland, que é membro suplente das reuniões do BC, ponderou que “algum nível” de volatilidade no mercado monetário é aceitável e citou que ouve sobre “economia em duas velocidades”, em que as classes de renda mais baixa enfrentam dificuldades e o consumo é impulsionado pelos americanos de renda mais alta.


