Norsul mira crescimento do agro e logística portuária após investir R$ 715 mi em cabotagem

A Norsul já se prepara para acelerar a incorporação das embarcações do tipo mineralheiro (ore carrier) e de suas respectivas tripulações após concluir a compra da operação de navegação costeira (cabotagem) da Hidrovias do Brasil. A transação permitirá ampliar o volume total transportado para 4 milhões de toneladas de matéria-prima sólida a granel por ano. Além disso, a tradicional companhia de navegação segue atenta ao mercado e monitora a crescente demanda do agronegócio por serviços de logística.

Anunciado em fevereiro, o negócio de R$ 715 milhões foi concluído no último sábado, garantindo à Norsul um contrato de longo prazo, até 2034, para o transporte de bauxita da mina de Porto Trombetas até Barcarena, no Pará, onde está localizada a refinaria Alunorte. Serão duas embarcações – Tambaqui e Tucunaré – dedicadas integralmente à rota.

Com 61 anos de experiência em cabotagem, a atuação da empresa nesse trecho já havia sido cogitada há quase uma década, quando a Log-In Logística Intermodal vendeu os ativos. “Mas só agora os números fizeram sentido”, comenta ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor financeiro e de novos negócios da Norsul, Rodrigo Cuesta.

“É uma aquisição plug-and-play, totalmente dentro do nosso core business, envolvendo navios customizados para o próprio negócio, numa região em que a dependência do modal é total. Ganhamos sinergias e participação de mercado. Sem dúvida, é um marco importante”, afirma.
Com a venda, a Hidrovias do Brasil busca reduzir a alavancagem e concentrar-se em ativos como Arco Norte, Arco Sul e o terminal de Santos. Já a Norsul, que em 2024 transportou 7,5 milhões de toneladas de bauxita, amplia a presença na região Norte ao assumir o transporte da produção de uma das maiores empresas de alumina do mundo. Além do Norte, a companhia também observa as principais regiões produtoras do agronegócio.

“Grande parte da logística que fazemos ocorre dentro da cadeia industrial do próprio cliente, que é concessionário do porto público, como em Barcarena. … O agronegócio voltado ao mercado interno utiliza pouco a cabotagem. Há gargalos de infraestrutura, mas é um segmento no qual temos interesse, pois enxergamos um crescimento secular”, diz. “Porém, ainda não temos nenhuma iniciativa pronta”, acrescenta.

Em 2024, a Norsul movimentou 14,2 milhões de toneladas em cabotagem, das quais 700 mil em longo curso (voltado ao comércio internacional), e registrou R$ 1,4 bilhão em receita líquida.
A navegação de cabotagem já representa 12% de tudo o que é transportado no País.

Diversificação

Nos últimos anos, a diversificação tem sido uma estratégia. Segundo a empresa, essa postura ajudou a sustentar um crescimento médio de 19% na receita bruta na última década.

A joint venture com a Hapag-Lloyd, firmada em 2023, resultou na criação da Norcoast, dedicada à cabotagem e ao feeder de contêineres nos portos brasileiros. De acordo com Cuesta, o negócio aumentou entre 15% e 20% a capacidade de cabotagem de contêineres. “Adicionamos oferta a um mercado que já contava com três grandes players. Nosso objetivo é ter mais uma Norsul em volume transportado com os nossos quatro navios”, afirma.

A operação concentra-se nos portos de Manaus (AM), Pecém (CE), Suape (PE), Santos (SP), Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).

“É um business muito customizado e, este ano, devemos movimentar cerca de 120 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)”, comenta.

Além dessas rotas de navegação com janelas fixas e semanais, o executivo aponta que a infraestrutura portuária do Rio de Janeiro também está sendo analisada.

A empresa iniciou ainda, no último ano, operações de bunkering ship-to-ship (abastecimento de combustível de embarcações de grande porte) na costa brasileira.

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Por Redação Folha de Guarulhos.

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