A megaoperação desta terça-feira, 28, nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, deixou 64 pessoas mortas e 11 feridas, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado. O número de mortos em um único dia supera o total registrado entre 1º e 27 de outubro, quando 63 pessoas foram atingidas por tiros em toda a região metropolitana.
Deflagrada pelas polícias Civil e Militar, com apoio do Ministério Público do Rio, a operação mirou lideranças do Comando Vermelho (CV) e o combate ao tráfico de drogas nas duas comunidades. A ação terminou com quatro policiais mortos e oito feridos, além de três vítimas de balas perdidas, um homem em situação de rua, uma mulher atingida dentro de uma academia e outro homem baleado em um ferro-velho.
O Fogo Cruzado classificou o episódio como a maior chacina policial da história do Rio, superando as do Jacarezinho (2021), com 28 mortos, e da Vila Cruzeiro (2022), com 24 mortos, ambas sob a gestão do governador Cláudio Castro (PL).
“As polícias do Rio começaram o dia com a Operação Contenção e o que se viu foi parte expressiva da população na linha de tiro e uma cidade inteira parada”, disse o Fogo Cruzado em nota. “A operação pode funcionar como propaganda do governo, mas ficará marcada como mais um fracasso, símbolo da ausência de uma política de segurança efetiva”.
Com o episódio desta terça, 2025 soma 799 tiroteios em operações policiais no Grande Rio, com 745 pessoas baleadas, das quais 353 morreram e 392 ficaram feridas, segundo o instituto. Entre os agentes de segurança, já são 126 baleados no ano, sendo 60 mortos e 66 feridos, a maioria da Polícia Militar.
Segundo a polícia, 81 pessoas foram presas, incluindo Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, apontado como uma das principais lideranças do CV ao lado de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, que segue foragido. O governo estadual anunciou recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à captura do criminoso.
Durante os confrontos, traficantes reagiram com bombas lançadas por drones, transformando a região em um cenário de guerra e provocando o fechamento de vias importantes, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela. Mais de 80 escolas e grandes universidades do Rio suspenderam as aulas, e centenas de linhas de ônibus interromperam a circulação.

