O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse nesta terça-feira, 9, que a nota do Ministério da Defesa que mantinha o discurso de fraude nas urnas eletrônicas demonstra o “alinhamento entre Jair Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira”, ex-ministro da Defesa que é acusado junto do ex-presidente na ação sobre tentativa de golpe de Estado.
Na nota, o Ministério da Defesa diz que, apesar de não ter encontrado nenhum indício de irregularidades nas urnas, não pode descartar a possibilidade de fraude. Moraes chamou a nota de “esdrúxula” e “vergonhosa”.
“O réu Jair Messias Bolsonaro determinou ao réu Paulo Sérgio Nogueira que emitisse uma nota, uma das mais esdrúxulas e vergonhas notas que um ministro da Defesa do Brasil pode ter emitido. Uma nota tentando disfarçar a própria conclusão das Forças Armadas. Para que isso? Para manter a chama do discurso das fraudes nas eleições e impedir a posse do presidente e vice-presidente eleitos”, declarou.
Moraes afirmou, ainda, que a conduta de Nogueira “seria só vergonhosa se não fosse criminosa”: “Para manter o discurso de fraude nas eleições e de que o presidente e o vice eleitos não tomariam posse. Fica claro o alinhamento entre Jair Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira”, completou.
Moraes pediu desculpas aos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal pelo longo voto. Disse ser preciso lembrar de todos os atos, já que “acabamos esquecendo tudo o que aconteceu”.
“Nós todos brasileiros temos de nos preocupar com o dia a dia, a rotina, o trabalho, o estudo e acabamos esquecendo tudo o que aconteceu. Acabamos esquecendo a primeira sequência dos atos executórios, até a derrota nas eleições, e depois o aumento desses atos. Foram tantos e tão absurdos que vários acabamos esquecendo”, disse.
O ministro citou um pedido feito pelo Partido Liberal (PL) para rever os votos em quase metade das urnas eletrônicas, alegando que elas eram de um modelo diferente das mais modernas. Moraes argumentou que o PL pediu a anulação dos votos apenas no segundo turno, quando Bolsonaro seria beneficiado, e não no primeiro turno, de modo a não afetar o número de deputados eleitos pela sigla de Valdemar Costa Neto. Chamou o caso de “má-fé” da legenda.
“Tivemos atos executórios violentíssimos após o segundo turno. Tivemos ações de monitoramento de autoridades, inclusive ministros do STF, do presidente eleito, uma absurda representação eleitoral para verificação extraordinária em que se pedia para anular somente os votos de 48% das urnas eletrônicas no segundo turno. Porque nessas urnas o candidato Luiz Inácio Lula da Silva teria ganho. Não era possível anular só do segundo turno se as urnas eram as mesmas do primeiro turno. Só que no primeiro turno, o PL, que pediu a anulação, perderia seus 99 deputados eleitos, cairia pela metade. Então disse que no primeiro turno não tinha problema, mas no segundo, não. Então foi uma má fé”, afirmou.