Professora da University College London, a economista Mariana Mazzucato tem uma obsessão pelo “governo” quando o tema é finanças climáticas. Ela concorda que para o financiamento climático ganhar escala é preciso dos recursos do setor privado. “Mas se os governos continuarem um pouco isolados e não forem capazes de trabalhar de forma dinâmica, não vai funcionar”, afirmou Mazzucato durante painel na Casa C.A.S.E. em Belém nesta tarde. “Se a discussão sobre clima não ocorrer no Ministério da Fazenda, é uma piada”, afirmou Mazzucato.
A economista afirmou que, se um governo está realmente interessado em clima, não é apenas o Departamento de Energia ou o ministério de Meio Ambiente que deve atuar. “O tema exige uma ação interministerial no governo. E o Brasil, a propósito, é um dos países que melhor sabe fazer isso, assim como a China”, disse, durante o painel da C.A.S.E, que é a iniciativa Climate Action Solutions & Engagement promovida pelo Bradesco, Itaú, Itaúsa, Marcopolo, Natura, Nestlé e Vale.
A professora pontuou que, na maioria dos países, a dinâmica interministerial do debate sobre clima simplesmente não existe. “Muitas vezes, o que vemos é uma guerra entre o ministro do Meio Ambiente e o ministro da Fazenda. Eles simplesmente não concordam. Na Alemanha, isso, literalmente, fez o governo cair.”
Mazzucato também destacou que é fundamental que haja uma convergência entre os diferentes membros do governo quando o assunto é clima. “Se cada departamento tem seu próprio conjunto de missões e sua própria maneira de pensar sobre o clima, tudo se torna confuso. O setor privado fica sem um one-stop shop“, disse.
A economista defendeu que a transição ecológica esteja no centro do governo e que também haja o envolvimento do setor privado. “Isso é muito importante”, afirmou.


