O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que vai ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para convidá-lo para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) que será realizada em novembro deste ano em Belém. “Não vou ligar para o Trump para conversar, não, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP. Porque eu quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar”, disse Lula na abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”, no Palácio Itamaraty.
Lula ainda brincou que, apesar de a Amazônia ser conhecida como o “pulmão do mundo”, a dívida externa brasileira “é a nossa pneumonia”.
Mais cedo, também no início dos trabalhos do Conselhão, Lula já havia afirmado que o Brasil merece respeito e criticou a postura de Trump, de anunciar novas taxações contra o País. “O presidente norte-americano não tinha direito de anunciar taxações como anunciou ao Brasil”, disse.
Segundo Lula, Trump poderia ter ligado a ele ou ao vice-presidente Geraldo Alckmin, já que haveria disposição para diálogo. Ele acrescentou ainda que a medida não se trata de uma questão política, mas sim eleitoral.
O presidente reforçou que o Brasil merece respeito no cenário internacional e destacou seu papel como exemplo de País negociador. “Tem gente que acha que a gente é vira lata, tem gente que não gosta de se respeitar. E ninguém pode dizer que tem um governo que gosta mais de negociar do que nós. Eu nasci na vida política negociando […] nesse mundo, ninguém me dá lição de negociação”, afirmou, ao reiterar que já lidou com vários magnatas.
Ele criticou a ausência de figuras nacionalistas no País e emendou que, hoje, os empresários são mais mercantilistas.
O presidente voltou a afirmar que o Brasil não pode depender de um único país e reiterou que está cansado de ser tratado como pertencente ao Terceiro Mundo.
‘Marco lastimável’
Lula disse que o dia 30 de julho de 2025, data em que os EUA oficializaram o tarifaço contra o Brasil e a aplicação de sanções ao ministro Alexandre de Moraes, “entrará para a história como marco lastimável na relação Brasil-EUA”. Para Lula, o “multilateralismo passa por momento crítico”.
“Vários setores da economia são afetados pela covardia dos que se associaram a interesses alheios a nossa nação”, ressaltou Lula, destacando que a “interferência nos Poderes brasileiros contou com auxílio de verdadeiros traidores da Pátria”. “Proteger nossa soberania é interesse que está acima de todos os partidos. O governo não transigirá e não vacilará em defender a soberania brasileiro”, reforçou.