‘John &Paul: A Love Story Songs’ resgata a conexão de amizade e música entre os dois Beatles

O livro de Ian Leslie, John & Paul: A Love Story in Songs (algo como John & Paul: Uma História de Amor em Canções, ainda sem edição em português), oferece um olhar detalhado – de 426 páginas – sobre como John Lennon e Paul McCartney trabalharam juntos desde o momento em que se conheceram, na adolescência, até a morte de John, em 1980.

Se McCartney não tivesse decidido, aos 15 anos, ouvir a banda de Lennon tocando em um subúrbio de Londres, o mundo teria sido privado da infinidade de canções dos Beatles que iluminaram uma geração e trouxeram inovação musical crescente para o rock.

Como Leslie afirma no livro, Lennon e McCartney desenvolveram desde cedo uma química pessoal e criativa que lhes permitiu elevar o trabalho um do outro aos clássicos atemporais ainda ouvidos em todo o mundo.
E é nessa relação que Leslie mergulha, analisando a montanha de artigos e livros escritos sobre os Beatles e interpretando mensagens que os astros enviavam um ao outro em suas canções, particularmente após a separação da banda, quando ambos estavam escrevendo e se apresentando como artistas solo.

Leslie se concentra em explorar a relação muitas vezes atormentada entre o introvertido, por vezes ciumento e frequentemente deprimido Lennon e o mais extrovertido, determinado e empreendedor McCartney. O amplo conjunto de letras, memorandos e ações dos dois músicos reunido por Leslie às vezes desvia para a fofoca em seu esforço para definir a relação deles.

BROMANCE

O livro trabalha para descobrir onde a relação Lennon-McCartney se encaixa no espectro entre melhores amigos e bromance (combinação das palavras em inglês “brother” e “romance”). Leslie inclui uma citação de Lennon – quando indagado se ele já havia feito sexo com um homem, responde “ainda não”. Mas não há outras evidências de que Lennon e McCartney fossem algo mais do que bons amigos que se amavam como irmãos.

Leslie não investiga o que poderia ter florescido musicalmente se McCartney tivesse se conectado com um colaborador semelhante a Lennon após a morte do fundador dos Beatles. Que músicas McCartney e Brian Wilson poderiam ter escrito, por exemplo? Leslie disseca tão minuciosamente o relacionamento entre Lennon e McCartney, no entanto, que é difícil imaginar outro parceiro criativo equivalente para qualquer um dos dois.

McCartney não é ouvido para o livro; Leslie diz que achou que isso teria “desequilibrado” a história, dada a impossibilidade de obter uma declaração de Lennon. Essa é uma conclusão duvidosa, mas o que podemos tirar da obra é isso: Lennon e McCartney foram a prova viva de que personalidades incrivelmente diferentes podem se unir para resultados surpreendentes. Haveria alguém no mundo que nunca se sentiu animado por uma canção dos Beatles? Boa sorte tentando encontrar essa pessoa.

Então, o que McCartney pensa do livro? Não recebemos respostas dos e-mails enviados para os representantes do músico – mas, dada a intensidade criativa da relação McCartney-Lennon, parece provável que McCartney ainda possa se pronunciar de alguma forma. Talvez uma nova canção, com uma referência à conexão com seu melhor amigo.

John &Paul: A Love Story Songs
Ian Leslie
Celadon Books
426 págs., R$ 216
R$ 58 o e-book

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