Diretores do documentário vencedor do Oscar Sem Chão foram impedidos pelo exército de Israel de acessar a região conhecida como Masafer Yatta, um conjunto de aldeias palestinas ao sul da Cisjordânia, retratada no filme. O jornalista israelense Yuval Abraham, um dos diretores, gravou o momento e publicou em seu perfil no X (antigo Twitter), na segunda, 2.
“Depois que o exército destruiu uma aldeia e permitiu que os colonos a invadissem, eles agora estão bloqueando nossa excursão com dezenas de jornalistas internacionais dizendo que eles não têm permissão para entrar em Masafer Yatta e visitar a casa de Basel Adra”, denuncia Abraham no post.
No vídeo, eles tentam dialogar com os militares, em inglês. O jornalista palestino Basel Adra, codiretor do longa, questiona: “Por que? Minha casa está lá [no vilarejo], eu convidei essas pessoas para ir lá”, diz.
O soldado responde que ele poderia ir para sua casa, mas que a imprensa deveria voltar para os carros e deixar o local em 10 minutos. “Tenho muitos vídeos de colonos vindo nos atacar e vocês não fazem nada. Por que impedir, somente agora, jornalistas com suas câmeras e celulares?”, rebate Adra.
Segundo o soldado, a passagem não estava liberada, nem de carro nem a pé, para “manter a ordem” naquela área.
“Soldados mascarados decidiram fechar Masafer Yatta e impedir que jornalistas internacionais chegassem à área. É isso que significa viver sob ocupação: um soldado mascarado decide quem e quando pode passar, quando destruir ou invadir nossas casas”, escreveu Adra em seu perfil no X, ao repostar o vídeo de Abraham.
Em março, o cineasta palestino Hamdan Ballal, também diretor de Sem Chão, foi agredido por colonos e preso por soldados israelenses em Masafer Yatta, onde mora. Ele afirma que a agressão foi uma retaliação pelo documentário. Sem Chão foi produzido por um coletivo palestino-israelense, dirigido por Ballal, Abraham, Basel e pela israelense Rachel Szor.