Após ter encerrado o dia anterior bem perto dos 138 mil pontos, o Ibovespa voltou a escorregar para os 136 mil durante a sessão desta quarta-feira, 13, sem conseguir segurar os 137 mil pontos no fechamento, em baixa de 0,89%, aos 136.687,32 pontos. Nesta quarta, oscilou dos 136.534,63 até os 137.912,90 pontos, saindo de abertura em nível similar (137.910,70) ao da máxima da sessão. Em dia de vencimento de opções sobre o índice, o giro financeiro foi a R$ 38,1 bilhões nesta quarta-feira. Na semana, o Ibovespa avança 0,57% e, no mês, ganha 2,72% – no ano, sobe 13,64%.
“Dados do varejo, do IBGE, bem fracos e abaixo do esperado, tiveram influência sobre o desempenho do Ibovespa na sessão, com o sinal que a leitura dá sobre a economia, considerando que os juros permanecem em níveis restritivos. Economia está mais fraca, o que traz preocupação sobre a geração de caixa das empresas”, diz Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Dessa forma, na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, destaque para nomes do setor de varejo e consumo, como CVC (-10,78%), Pão de Açúcar (-10,56%), Petz (-5,91%), Assaí (-4,98%) e Magazine Luiza (-4,27%).
Na ponta oposta, MRV (+6,63%), SLC Agrícola (+1,35%), Brava (+1,22%), Natura (+1,16%) e Localiza (+1,10%). Entre as blue chips, o dia foi amplamente negativo, à exceção entre os grandes bancos de BB ON, que subiu 0,21%. Entre as maiores instituições financeiras, o ajuste ficou entre -0,22% (Santander Unit) e -1,07% (Bradesco ON).
A principal ação do Ibovespa, Vale ON, fechou em baixa de 0,39%, enquanto Petrobras cedeu 0,48% na ON e 0,75% na PN, com o prosseguimento da correção do Brent e do WTI. Prevalecem no momento receios quanto à demanda pela commodity, após a Agência Internacional de Energia (AIE) ter previsto um maior superávit de oferta, adiante, acompanhado por um aumento inesperado nas reservas de petróleo bruto dos EUA, na semana.
No cenário mais amplo, após ter efetivado uma sequência de quatro ganhos no começo de agosto, entre os dias 1º e 7, o Ibovespa volta a mostrar dificuldade para retomar o patamar de 138 mil pontos e convergir, assim, para níveis do começo de julho, há mais de um mês. Nas últimas quatro sessões, obteve ganho em apenas uma delas, na terça, então em alta de 1,69%, permanecendo preso a uma faixa relativamente estreita, entre 135 e 137 mil pontos.
No período da tarde, em segundo plano, o mercado financeiro também digeriu o pacote de contingência do governo federal para mitigar os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Na avaliação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), “medidas para preservar empregos, diversificar mercados e assegurar condições justas de comércio internacional são importantes e demonstram compromisso com a defesa dos setores produtivos nacionais”.
Dólar
O dólar subiu levemente nesta quarta-feira, 13, e voltou a passar de R$ 5,40. No exterior, a moeda norte-americana caiu com as chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em setembro beirando 100%.
Operadores atribuem o tropeço do real a ajustes de posições e realização de lucros, após o câmbio romper no dia anterior a marca dos R$ 5,40 e fechar no menor nível desde 14 de junho.
O pacote do governo Lula para mitigar o tarifaço dos EUA gerou algum desconforto fiscal, mas não foi a principal causa da depreciação do real.
Além de ajustes, pesaram contra a moeda local a queda do petróleo e o recuo de pares emergentes, como peso mexicano e peso colombiano.
Com máxima de R$ 5,4113 no início da tarde, paralelo a mínimas do Ibovespa e do petróleo, o dólar fechou em alta de 0,27%, a R$ 5,4018.
Apesar do avanço, a moeda acumula perda de 0,63% na semana e de 3,55% no mês; no ano, recua 12,60% frente ao real.
“Vemos um pouco de correção do dólar em relação ao real hoje após um movimento muito forte de queda neste início de mês. Outras divisas emergentes latino-americanas também têm um desempenho um pouco pior hoje,” diz o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, que não vê impacto direto do plano do governo no câmbio.
À tarde, o governo detalhou o pacote: crédito extraordinário de R$ 30 bilhões, aporte extra de R$ 4,5 bilhões em fundos de garantia às exportações e extensão do Reintegra – benefício que devolve parte dos tributos pagos em produtos exportados – a todas as empresas que vendem aos EUA.
Somados, fundos e Reintegra chegam a R$ 9,5 bilhões fora da meta fiscal, afirmou o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan. “O Congresso trabalhará em diálogo com o governo a possibilidade de excluir esses valores da meta de primário para o ano de 2025”, disse.
Lima observa que exceções dificultam a leitura das contas públicas e abalam a credibilidade das metas fiscais. “Os problemas fiscais não desapareceram, mas neste momento de dólar fraco no mundo, não têm tanto peso para o câmbio”, afirma.
O Dollar Index (DXY), que mede o dólar contra seis moedas fortes, furou 98,000 pontos e tocou 97,626. Cai 2,20% em agosto e mais de 9,80% no ano.
Pela manhã, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse à Bloomberg TV que há “uma boa possibilidade” de o Fed cortar 50 pontos-base em setembro.
Segundo ferramenta do Chicago Mercantile Exchange (CME), a probabilidade de corte em setembro chegou a 99,99%, e a chance de redução total de 75 pontos-base em 2024 subiu de 50% para 57%.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado
Juros
Sem maiores surpresas em relação às medidas governamentais para mitigar o impacto do tarifaço dos Estados Unidos sobre o Brasil, a curva a termo reagiu a falas mais duras do Executivo em relação à ofensiva comercial na segunda etapa do pregão desta quarta. Os vencimentos curtos reduziram o ritmo de queda observado desde o início da sessão, enquanto a parte intermediária e longa operou em alta.
Durante a cerimônia de assinatura da Medida Provisória “Brasil Soberano”, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o País está sendo “sancionado por ser mais democrático do que o seu agressor”. Já o presidente Lula disse que a “aposta” que os EUA estão fazendo pode não dar certo, e que o Brasil busca alternativas “para que os EUA aprendam que democracia e respeito comercial e multilateralismo vale para nós e deve valer para eles”.
As declarações foram feitas por volta das 13h30, quando os vértices dos DIs a partir de 2028 abriram mais. Na parte mais curta da curva, prevaleceu a divulgação de nova leva de dados de atividade mais fracos, que intensificaram discussões sobre um corte da Selic ainda este ano. “O mercado, praticamente, está precificando 50% de chance de o ciclo começar em dezembro”, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 oscilou de 14,892% no ajuste anterior para 14,890%. O DI de janeiro de 2027 passou de 13,961% no ajuste de ontem para 13,92%. O DI de janeiro de 2028 ficou praticamente estável, ao passar de 13,194% no ajuste a 13,195%. O DI de janeiro de 2029 marcou 13,125%, de 13,093% no ajuste da véspera.
Na ponta mais longa da curva, o DI de janeiro de 2031 aumentou de 13,339% no ajuste para 13,39%. O DI de janeiro de 2033 avançou de 13,479% no ajuste anterior para 13,53%.
Para Luan Aral, trader da Genial Investimentos, a pressão nos DIs intermediários e longos foi tímida na sessão desta quarta, 13, mas ficou nítido que esses vértices subiram um pouco mais pelas falas de Haddad e Lula. “Ficou claro que o governo está indo para o ‘tudo ou nada’, em um movimento político de ataque contra Trump”, disse, lembrando que pesquisas eleitorais da Genial em parceria com o Instituto Quaest indicaram que a popularidade do governo aumentou após o tarifaço.
Aral pondera, no entanto, que no acumulado de agosto, o DI de janeiro de 2029, por exemplo, mostra redução de 0,3 ponto porcentual. “Um pequeno movimento de correção na sessão de hoje é válido”, diz.
Economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro aponta que o Programa Brasil Soberano, apoiado em seis medidas, veio conforme o previsto. A principal delas é uma linha de crédito de R$ 30 bilhões com juros subsidiados. Também compõem o pacote a compra, pelo governo, de itens perecíveis que seriam exportados ao mercado americano, a concessão de seguros à exportação, adiamento da cobrança de impostos e extensão do benefício fiscal Reintegra para todas as companhias que vendem aos EUA.
Especialista em política fiscal do Santander, o economista Ítalo Franca afirma que o plano governamental não tem efeito relevante sobre as contas públicas, o que ainda possibilita o cumprimento da meta fiscal de 2025.
Do lado da atividade, foi divulgada hoje pelo IBGE a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de junho. O volume de vendas do varejo restrito, que não considera automóveis e material de construção, caiu 0,1% na passagem mensal, abaixo da mediana de instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, de 0,8%. Já o varejo ampliado, que inclui esses dois setores, teve retração maior ante maio, de 2,5%. A expectativa mediana para o dado era de alta de 0,1%.
“O mercado começa a debater mais abertamente sobre corte de juros”, aponta Aral, da Genial. Durante evento nesta tarde, o chairman e sócio-fundador do BTG Pactual, André Esteves, avaliou que os juros altos estão produzindo efeitos na convergência da inflação, o que pode dar espaço para o Banco Central (BC) começar a cortar a Selic a partir de dezembro ou janeiro.