A chamada geração distribuída de energia solar chegou à marca de 5 milhões de imóveis, aponta um levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Absolar. Trata-se da energia gerada pelos próprios consumidores perto do local de consumo, por meio de painéis em telhados e pequenos terrenos.
Com isso, a modalidade chegou a 37,4 GW de potência instalada no País, detalhou a Absolar. Considerando, também, a capacidade de grandes usinas fotovoltaicas conectadas no Sistema Interligado Nacional (SIN), de 17,6 GW, a fonte solar alcançou 55 GW no Brasil. Isso representa 22,2% da matriz elétrica brasileira (250 GW), o que lhe confere a posição de segunda maior fonte do País, atrás da hidrelétrica (44,6%) e à frente da eólica (13,4%).
Pelo balanço da Absolar, a geração fotovoltaica já evitou a emissão de cerca de 66,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, contribuindo para a transição energética no Brasil.
Desde 2012, o setor teria trazido para o País mais de R$ 251,1 bilhões em investimentos novos, 1,6 milhão de empregos, e contribuído com mais de R$ 78 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.
Perfil
Entre as unidades consumidoras abastecidas pela geração distribuída, residências lideram o uso da tecnologia, com 69,2% do total de imóveis, seguidas pelos comércios (18,4%) e propriedades rurais (9,9%).
Entre os Estados, Minas Gerais aparece em primeiro no volume de unidades atendidas pela geração própria solar, com mais de 900 mil. Na sequência, estão São Paulo, com 756 mil, e Rio Grande do Sul, com 468 mil.
Entre janeiro e março, período marcado pela onda de calor extremo que elevou o consumo de energia, foram instalados mais de 147 mil sistemas solares pelos consumidores, que passaram a abastecer cerca de 228,7 mil imóveis, em total de 1,6 gigawatt (GW) adicionado, informou a entidade.
Obstáculos
Apesar do crescimento, o setor enfrenta gargalos apontados pela Absolar no documento: falta de ressarcimento aos empreendedores pelos cortes compulsórios de geração renovável (curtailments), que traz “insegurança jurídica e maior percepção de risco”, e barreiras à conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, sob a alegação de inversão de fluxo de potência, sem que haja estudos técnicos que comprovem as eventuais sobrecargas na rede.
Não fossem esses entraves, diz a Absolar, “o setor poderia contribuir ainda mais e atender volume maior de consumidores, de todos os perfis, que buscam economia, independência e autonomia”.
Espaço para crescer
Segundo a Absolar, a participação da geração própria solar ainda é de apenas 5%, frente às 93,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no mercado cativo brasileiro.
“Com a queda de mais de 50% no preço dos painéis solares nos últimos dois anos, vivemos o melhor momento para se investir em sistemas fotovoltaicos em residências, empresas e propriedades rurais. E ainda há um enorme potencial de crescimento do uso da tecnologia fotovoltaica”, aponta no documento Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.
Segundo a entidade, ao aproximar a geração de eletricidade dos locais de consumo, a geração própria solar “reduz o uso da infraestrutura de transmissão, alivia a pressão sobre a operação e diminui as perdas em longas distâncias, o que contribui para a confiabilidade e segurança em momentos críticos”.
Por outro lado, críticos do movimento apontam a intermitência inerente à fonte e a falta de maior acompanhamento e controle sobre a sua penetração.
A Absolar também defende a aprovação do Projeto de Lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe), para trazer soluções aos desafios enfrentados pela geração distribuída solar, como as alegações de inversão de fluxo de potência.