FSB estuda regras para financeiras não bancárias e vulnerabilidades em títulos soberanos

O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) estuda vulnerabilidades em mercados de recompra (repo) baseados em títulos soberanos e regras para mitigar riscos sistêmicos de instituições financeiras não bancárias (NBFIs, em inglês), conforme relatórios divulgados nesta quarta-feira.

Em um dos relatórios, o FSB nota que as “experiências com o uso de ferramentas políticas para lidar com riscos sistêmicos em NBFIs é limitado até o momento”, dando espaço para o surgimento de turbulências em mercados financeiros críticos para o funcionamento do sistema e da economia real através de ligações entre não bancos alavancados e instituições financeiras sistematicamente importantes.

O Conselho espera concluir a análise da resiliência de mercados de repo, incluindo suas ligações com mercados centrais de títulos e setor não bancário, até o fim de 2025. Com base na sua avaliação inicial, o FSB sugeriu uma lista de ações flexíveis para implementação por diferentes países de acordo com suas jurisdições, conforme o grupo ainda monitora eventuais repercussões em atividades transfronteiriças.

Entre as recomendações, o conselho indica práticas “consistentes e transparentes” de margens para mitigar demandas inesperadas de liquides em NBFIs alavancadas, riscos de crédito de contraparte e de concentração. O FSB também recomenda revisar práticas de divulgação de dados feitas de maneira privada para permitir uma avaliação de riscos mais precisa e identificar incongruências nas políticas das instituições, em parceria com a indústria.

No entanto, o FSB reconhece o alto nível de heterogeneidade entre NBFIs, notando que alguns segmentos do setor são “relativamente limitados e provavelmente não representam riscos de estabilidade financeira”. “Certas atividades alavancadas por não bancos podem facilitar a proteção, aumentar a eficiência e apoiar a liquidez nos mercados financeiros”, apontou.

Para reguladores, a recomendação central é estabelecer uma estrutura doméstica para identificar e monitorar os riscos para estabilidade financeira em NBFIs alavancadas de maneira “efetiva, frequente, proporcional e ágil”. “A cooperação internacional para implementar essas medidas é crucial para evitar efeitos externos e arbitragem regulatória”, destaca.

Força-tarefa

O Conselho de Estabilidade Financeira criou uma força-tarefa para monitorar a implementação de recomendações financeiras que será liderada pelo presidente do conselho e do Banco da Inglaterra (BoE, em inglês), Andrew Bailey. O plano de trabalho para estudar e testar vulnerabilidades do setor não bancário será entregue ao G20, e um relatório final será elaborado para entrega até meados de 2026 com os resultados.

Em seu relatório anual divulgado nesta quarta-feira, o FSB detalhou que seu trabalho deverá passar agora de “criação de políticas” para “endereçar vulnerabilidades”, ao avaliar desafios de dados, compartilhar insights de políticas e analisar a implementação de reformas do sistema financeiro.

No caso dos testes sugeridos ao G20, o conselho avaliará estratégias de negociações em mercados de títulos soberanos para determinar qual o progresso na implementação de medidas para resolver desafios no compartilhamento de dados de instituições financeiras não bancárias (NBFIs, em inglês).

Em paralelo, o FSB também decidiu realizar uma análise aprofundada sobre vulnerabilidades no crédito privado, que incluirá a identificação de desafios relacionados a dados nessa área, que também deverá ser entregue até 2026. O conselho trabalha ainda em outras análises sobre riscos para estabilidade financeira e estudos sobre a adoção de medidas sugeridas em diferentes países-membros, especialmente em recomendações de preparo de margens para liquidez, colaterais e outras ferramentas políticas adicionais.

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