O Ministério da Fazenda estima que as tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros têm o potencial de retirar 0,2 ponto porcentual do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País, no acumulado de agosto de 2025 a dezembro de 2026. A resposta desenhada pelo governo, batizada “Plano Brasil Soberano”, pode reduzir o impacto pela metade, a 0,1 ponto, segundo a pasta.
“Esses impactos tendem a ser ainda menores se levados em consideração medidas como o diferimento de tributos, as compras públicas e as exigências de manutenção de empregos”, diz a Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda, em um trecho do Boletim Macrofiscal publicado nesta quinta-feira, 11. “O Plano Brasil Soberano permite mitigar em grande parcela o impacto negativo das tarifas na economia brasileira.”
As estimativas não incorporam choques de confiança, aumento da volatilidade financeira ou deterioração das condições de crédito, informou a SPE. Além disso, consideram a aplicação de tarifas de 50% para 40% das exportações brasileiras aos EUA, comparando esse cenário com a aplicação de tarifas de 10%, além daquelas da Seção 232.
Nas contas da SPE, o impacto total das tarifas é compatível com uma perda de aproximadamente 138 mil postos de trabalho até dezembro do ano que vem, ou 65 mil com o Plano Brasil Soberano. Dos 138 mil totais, 71,5 mil fechariam na indústria, ou 0,4% do estoque total do setor. Em seguida, entre os mais afetados, aparecem os serviços, com perda estimada de 51,8 mil vagas (-0,1%); e a agropecuária, com o fechamento de 14,7 mil empregos (-0,1%).
Sem contar a mitigação do plano, as tarifas levariam a uma redução das exportações líquidas como proporção do PIB em 0,1 ponto porcentual, segundo a SPE. A taxa de desemprego aumentaria 0,1 ponto no acumulado do período. A inflação medida pelo IPCA aumentaria 0,1 ponto, com a maior disponibilidade interna de produtos compensando parcialmente o menor saldo da balança comercial.