Érick Jacquin abre novo restaurante focado em pratos com peixes

Quem conhece Érick Jacquin sabe que o chef não faz nada pela metade. E quando ele diz que sempre quis ter um restaurante de peixe, pode ter certeza que o desejo se tornaria realidade. O Jojo, restaurante recém-inaugurado no térreo do W Residences São Paulo (Rua Helena, 270, Vila Olímpia), é a prova de que quando Jacquin decide realizar um sonho, o resultado é de dar água na boca.

O nome carrega uma história pessoal: Jojo era o apelido carinhoso do pai do chef. A escolha de batizar seu novo projeto gastronômico com essa homenagem familiar mostra como Jacquin mistura afeto e culinária, criando um ambiente que promete ter alma.

Jacquin é direto ao revelar sua paixão. “Sempre gostei de trabalhar com peixe. Nunca gostei de fazer a carne”, revela. Enquanto a maioria dos cozinheiros se dedica às carnes, o francês sempre preferiu a complexidade dos frutos do mar. “Eu acho que tem muito mais criatividade, tem muito mais opção”, explica, com aquele sotaque inconfundível.

O chef também observou algo peculiar no mercado brasileiro: muita gente trata peixe como se fosse carne. “Tem gente que trabalha o peixe no fogo de lenha. E tudo bem em alguns casos, mas não em todos os peixes”, comenta, quase indignado. No Jojo, a abordagem é diferente. Aqui, cada peixe tem sua técnica, seu tempo, seu devido respeito.

Jacquin no mar

No menu do Jojo, o mar domina — como esperado. Entre as entradas, destaque para o ovo mexido com caviar ossetra giaveri (R$ 390), servido dentro da própria casca, e os raviólis de lagostins com jus de crustáceos, Sauternes e gengibre (R$ 190). A sopa de peixe com açafrão e mini legumes (R$ 130) promete ser uma das especialidades da casa.

Um detalhe que revela a paixão do chef: além do pão brioche de entrada, haverá baguete feito com algas marinhas. “Para sentir o mar dentro do pão também”, explica Jacquin.

Nos pratos principais, a seleção varia conforme o que chega dos fornecedores diariamente – “nossa seleção de peixe depende dos pescadores que fornecem todos os dias nosso restaurante”, já destaca o cardápio.

Entre as opções fixas estão o fricassê de lagosta com molho americano e tagliatelle na manteiga (R$ 345), vieiras grelhadas com espinafre ao molho de baunilha (R$ 260) e filé de linguado ao molho Normande com ostra de Santa Catarina (R$ 245).

O restaurante também contará com um bar especializado oferecendo salmão defumado, caviar, foie gras – esses pequenos luxos que elevam qualquer refeição a outro patamar.

Para quem quer experimentar sem muito compromisso, há menu executivo por R$ 190, que inclui entrada, prato principal e sobremesa do dia. As opções vão desde salmão defumado com creme azedo até blanquette de vitela à moda antiga – sim, tem carne também para os mais tradicionais.

Nas sobremesas, um suflê com licor de laranja por R$ 140, mil folhas de baunilha do Taiti (R$ 65) e o “verdadeiro petit gâteau” com sorvete de baunilha (R$ 65).

Para um futuro próximo, Jacquin já faz planos audaciosos. A grande surpresa do Jojo será a degustação de sardinhas portuguesas com safra. Sim, sardinha de 2002, 2014, 2015… “É igual ao vinho”, garante Jacquin. O ritual é quase cerimonioso: você escolhe a safra, abrem na sua mesa e servem com torradas quentes e manteiga fresca.

Jacquin ainda promete uma bouillabaisse adaptada à realidade brasileira – afinal, não temos os peixinhos de rocha do Mediterrâneo. Mas conhecendo o chef, será uma adaptação que fará esquecer que não estamos em Marseille.

Sofisticação

Jacquin observa que os brasileiros estão cada vez mais sofisticados e abertos à experiências como essas. “Hoje você pode viajar sem pegar o avião, só com a internet, só com o Google”, filosofa. A internet expandiu horizontes, e o público está mais curioso, mais disposto a experimentar.

O timing é ideal. “Hoje, temos fornecedores que são mais apaixonados”, conta o chef. “Tem peixe bom, tem peixe que vem do sul, de Santa Catarina, que é excelente. Assim como as ostras. Temos coisas maravilhosas”, diz.

Este é o 12º estabelecimento do grupo Jacquin, mas tem um lugar especial. “Esse restaurante eu vou considerar como uma vitrine”, revela. Enquanto as outras marcas (Présidents, Çavá Café, Çavá Bistrô, Steak Beef) se expandem, o Jojo permanece como o projeto mais pessoal.

Apesar de toda essa sofisticação, o chef não quer exagerar na dose. Para Jacquin, no Jojo, a filosofia é clara: menos é mais, desde que esse “menos” seja impecável.

O ambiente impressiona: cozinha aberta, muitos espelhos, banheiro com uma linda pintura à mão, aquele charme parisiense que é marca registrada de Jacquin. “É muito bonito, é aconchegante. Tem tudo para ser uma casa refinada”, avalia o próprio chef.

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