O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta quarta-feira, 19, que cogita deixar o mandato de maneira definitiva, após o período de licença que pretende tirar da Câmara. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou o afastamento temporário do cargo, mas ainda não enviou o pedido à Mesa Diretora da Casa.
“Sim, positivo. Cogito. Eu só vou ter tranquilidade de voltar ao Brasil quando Alexandre de Moraes não for mais ministro da Suprema Corte ou estiver sendo posto no devido lugar dele. Fora isso, não tenho a possibilidade de voltar ao Brasil”, afirmou o deputado em entrevista à CNN Brasil, ao ser questionado se poderia deixar o mandato definitivamente.
Mais cedo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, havia dado uma previsão de quatro meses para o retorno do parlamentar ao Brasil. Segundo o dirigente partidário, Eduardo será o candidato da sigla ao Senado nas próximas eleições pelo Estado de São Paulo.
“Vai ser nosso senador por São Paulo. A previsão é voltar daqui a quatro meses”, disse Valdemar em entrevista à CNN.
Eduardo Bolsonaro afirmou nas redes sociais que é alvo de perseguição, e criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF). O deputado era cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
De acordo com o Regimento Interno da Câmara, parlamentares podem se licenciar, por tratamento de saúde, missões diplomáticas ou interesse particular. Quando o afastamento ocorre por interesse particular, como no caso de Eduardo, a licença é concedida sem remuneração. A legislação prevê que um deputado pode se afastar sem recebimento de salário por até 120 dias.
Apesar do anúncio, o deputado ainda não fez o pedido formal à Mesa Diretora. “Essas burocracias estão sendo feitas agora. Estou em contato com a minha assessoria, muita coisa para ver aqui ainda com relação a aluguel de casa, documentação, visto e, então, está meio que uma confusão aqui na minha vida. Neste momento, oficialmente, acredito que ainda não tenha sido impetrado o pedido de licença”, disse Eduardo. A informação foi confirmada ao Estadão pela assessoria da Câmara.
O parlamentar afirmou ainda durante a entrevista que abriu mão de um “salário sensacional” e que sua situação financeira no país norte-americano não é “confortável”. Eduardo recebe um salário de R$ 46.366,19.
Deputados do PSOL pediram à Mesa Diretora da Câmara que a licença de Eduardo seja negada e que a Casa declare abandono de mandato. Os parlamentares afirmam que o filho do ex-presidente “abusa das prerrogativas constitucionais” e que seu afastamento tem como objetivo “fugir da jurisdição brasileira e desempenhar atividades políticas no exterior, configurando, portanto, abandono de mandato”. Eduardo está nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano.