A BYD passa por um momento de fortes emoções no Brasil. Ao mesmo tempo em que se prepara para iniciar a produção de veículos em Camaçari, na Bahia, a marca chinesa está envolvida em dois processos judiciais importantes.
A empresa dará início às operações do complexo industrial de Camaçari no próximo dia 26 de junho, às 9h da manhã. A informação foi divulgada pelo vice-presidente da empresa no País, Alexandre Baldy, durante a apresentação da linha 2026 do SUV Song Plus.
A BYD promete fazer os dois carros de maior volume de vendas no País: o hatch Dolphin Mini e o SUV compacto Song Pro. O Dolphin será o primeiro 100% elétrico feito no Brasil.
Inicialmente, os veículos serão montados em regime de CKD. Ou seja, virão prontos da China, apenas para serem montados aqui. Mas a meta é chegar a 80% de nacionalização, segundo disse o governador da Bahia Jerônimo Monteiro, em visita à China juntamente com investidores e fornecedores para a fábrica de Camaçari.
A BYD já tem uma ampla rede para escoar a produção. Atualmente, segundo a marca, há 180 concessionárias no Brasil, número que pode chegar a 272 até o fim deste ano. Além disso, a marca ocupa a oitava posição no ranking de vendas acumuladas, com 29 mil emplacamentos no País. O Dolphin Mini já vende mais do que modelos como Citroën C3 e Honda City, por exemplo.
PREÇOS
Não há informações sobre – se haverá redução de preços após a nacionalização da produção. Porém, isso é esperado pelo consumidor. Por ora, o Dolphin Mini, carro mais barato da empresa no País, parte de R$ 122.800. O Song Pro tem preço inicial sugerido de R$ 194.800.
Porém, nem tudo são flores. Isso porque o nome “Mini” tornou-se alvo de uma disputa judicial iniciada pela BMW, dona da marca britânica de carros compactos. O grupo alemão processou a BYD pelo uso do nome “Mini” e alega que o termo pode induzir os consumidores brasileiros ao erro, gerando uma falsa associação entre as duas fabricantes.
A ação tramita na 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro. Segundo a BMW, que nega tentar interromper as operações da chinesa no Brasil, a BYD estaria tentando se beneficiar da reputação e prestígio da inglesa.
Por sua vez, a BYD argumenta que o Grupo BMW não tem patente registrada no INPI que comprove essa alegação. Procuradas pelo Jornal do Carro, nenhuma das marcas quis se pronunciar a respeito do caso. Até o fechamento desta edição, o processo estava em tramitação no tribunal carioca.
Além disso, na semana passada o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) protocolou uma ação civil pública contra a BYD e duas empreiteiras por trabalho escravo e tráfico de pessoas. O órgão estadual pede o pagamento de indenização de R$ 257 milhões por danos morais coletivos.
O processo é um desdobramento do caso dos 220 contratados para atuar na construção da fábrica da BYD em Camaçari e resgatados no fim de 2024. Segundo o MPT-BA, os chineses tiveram os passaportes retidos e assinaram contratos com cláusulas abusivas.