A futurista Amy Webb, cujo relatório anual é conhecido como um guia obrigatório sobre inovação e tecnologias emergentes, afirmou nesta quinta, 14, que o Brasil não tem lideranças que planejam o futuro do Brasil. A declaração aconteceu na Rio Innovation Week em um painel com Erick Bretas, CEO do Estadão.
Ao ser questionada por Bretas sobre aquilo que o Brasil poderia agregar no xadrez global da inteligência artificial (IA), Amy apontou para aquilo que considera oportunidades para o País, e ressaltou os desafios para que eles se tornem realidade.
“Eu amo o Brasil, mas o Brasil machuca meu coração, porque as maiores indústrias deste país são indústrias do século 20. Mineração, agricultura, indústria pesada… Todas essas indústrias estão prontas para inovação. O Brasil deveria ser um líder global em agricultura”, afirmou.
Na sequência, ela falou sobre a liderança nacional “Temos grandes indústrias aqui. Temos essas empresas familiares e não há nenhuma liderança que diga consistentemente: ‘qual é o nosso futuro como país’, afirmou ela.
“Há 100 anos, vocês dizem a frase ‘o Brasil é o país do futuro’, mas o futuro chegou. O Brasil não precisa apenas merecer sentar nas mesas de discussões da IA. O Brasil tem que estar na mesa. Você precisam se sentir mais confiantes”, afirmou.
Ela afirmou que usando tecnologia poderia produzir 10 vezes mais o volume de cana de açúcar, café e cacau.
Questionada sobre o potencial do Brasil como celeiro de data centers alimentados por fontes renováveis de energia, um dos planos do Ministério da Fazenda, Amy afirmou que isso é uma oportunidade desde que o Brasil possa exportar capacidade computacional. Hoje em dia, especialistas estimam que cerca de 60% das demandas computacionais do Brasil são atendidas por infraestrutura fora do País.
A futurista alertou para o problema global que está se formando em torno da infraestrutura de IA, lembrando que data centers e fontes de energia para alimentá-los não estão sendo construídos por governos, mas sim por grandes empresas de tecnologia.
“Quem está investindo no futuro da energia? Não é o governo dos EUA, não é o governo brasileiro. São as mesmas empresas de tecnologia. Então, todos nós ficamos sentados, pensando: ‘Ah, os robôs com IA vão roubar nossos empregos e nos matar enquanto dormimos’. Enquanto isso, tudo isso está acontecendo. Existe um plano e o Brasil precisa estar dispostos a se conectar a ele. Caso contrário, teremos ainda menos concorrência. O Brasil precisa forçar sua entrada nas discussões. Apresentar uma solução’, afirmou ela.