Ana Castela usa ‘adesivo’ para corrigir orelha de abano: médicos avaliam essa e outras opções

No início desta semana, a cantora Ana Castela publicou um vídeo mostrando que usa um artifício para disfarçar as orelhas proeminentes. A condição, popularmente conhecida como “orelha de abano”, afeta adultos e crianças e, em muitos casos, é associada ao constrangimento social.

A alternativa utilizada pela cantora é uma espécie de fita dupla face transparente específica para a área e vendida por cerca de R$ 200 a caixa. No entanto, nas redes sociais, é comum encontrar pessoas indicando o uso de adesivos, colas de cílios e até colas de alta fixação geralmente utilizadas para reparar porcelana, couro e madeira.

A utilização desses componentes químicos, segundo especialistas, pode irritar a região da orelha, que tende a ser sensível. “Esses materiais podem causar irritação, alergias, queimaduras químicas e até lesões na estrutura cartilaginosa”, alerta Mônica Renesto Fontana do Amaral, cirurgiã plástica do Sabará Hospital Infantil.

“Além do risco dermatológico, a aplicação e remoção repetidas podem gerar pequenas feridas e aumentar a chance de infecção”, diz a médica. “É importante reforçar que essas substâncias não corrigem a anatomia – apenas disfarçam temporariamente.”

A principal opção recomendada pelos profissionais é a otoplastia, cirurgia na estrutura da orelha que diminui a abertura da área. De acordo com Mônica, o procedimento costuma ser indicado quando existe desconforto estético, impacto psicossocial ou queixas relacionadas à aparência da região.

A condição não afeta a audição nem representa risco à saúde, mas geralmente é associada ao incômodo estético e, em muitos casos, ao constrangimento social. Na infância, o mal-estar tende a ser maior por causa do bullying e de comentários depreciativos.

“Além dos ganhos estéticos e psicossociais, muitos pacientes relatam maior conforto (após a cirurgia) no uso de óculos, máscaras e fones de ouvido, já que a orelha deixa de sofrer pressão excessiva. Em alguns casos, há melhora do conforto ao dormir, justamente pela menor projeção da orelha no travesseiro”, completa Mônica.

A idade ideal para a realização da cirurgia costuma ser a partir dos seis ou sete anos, quando a orelha já alcançou seu desenvolvimento. Já para adolescentes e adultos não há restrição de idade.

Especialista em reconstrução de orelha e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Juarez Avelar diz já ter operado pacientes com mais de 50 anos de idade e obtido um bom resultado. Para ele, o procedimento é estético, mas ao mesmo tempo tem caráter reconstrutivo.

“Requer muito cuidado com o método adequado porque a região tem muita assimetria, uma orelha nunca é igual a outra”, explica, ressaltando que um tratamento malconduzido representa um desgaste muito grande para o paciente.

A cirurgia leva em média três horas e o paciente pode ficar algum tempo sob observação até passarem os sinais de anestesia. Depois disso, é liberado para casa com um gesso que posteriormente é substituído por um curativo trocado toda semana. O processo de renovação do curativo se repete por três meses até a cicatrização completa.

Alternativas à otoplastia

Técnicas menos invasivas também vêm ganhando espaço, especialmente em bebês e crianças pequenas, quando o uso de moldes pode reposicionar a estrutura cartilaginosa de forma gradual. “Devido à maior maleabilidade da estrutura, é possível remodelar a orelha com dispositivos específicos”, diz Mônica.

Para bebês de até seis meses de idade, os especialistas podem indicar um molde auricular. De acordo com Mônica, se o tratamento for iniciado até a sexta semana de vida, é possível evitar a necessidade de cirurgia no futuro.

O molde que Avelar costuma utilizar com os pacientes mais novos é feito sob medida com um material chamado silicone de condensação. Segundo o cirurgião, o dispositivo protege a orelha e adequa a forma da área. “Mas é importante que isso seja feito até os seis meses de vida porque depois a estrutura cartilaginosa começa a crescer e ganhar um espessamento próprio.”

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Por Redação Folha de Guarulhos.

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