‘Adolescência’: o que a imprensa internacional diz sobre a série de sucesso?

Em apenas duas semanas, Adolescência já alcançou a marca de 66,3 milhões de espectadores na Netflix, tornando-se a maior série limitada da plataforma e a primeira produção do streaming a dominar o índice semanal de audiência da TV no Reino Unido. A série tem sido destaque de crítica e público mundialmente, elogiada pela abordagem de um tema sério e pelo uso do plano-sequência.

Em quatro episódios, a série de Stephen Graham e Jack Thorne acompanha a vida de uma família, que vira de cabeça para baixo quando Jamie Miller (Owen Cooper), de 13 anos, é preso pelo assassinato de uma adolescente de sua escola.

Confira o que a imprensa internacional tem dito sobre a série:

Variety: ‘Desvenda as complexidades da humanidade’

O veículo especializado americano destaca o teor sombrio da série e a capacidade de destacar as falhas geracionais. A crítica Aramide Tinubu escreve:

“Sombria e escrita brilhantemente, esta série desvenda as complexidades da humanidade e da masculinidade e como a ascensão da manosfera se permeou de forma tão assustadora e rápida nas vidas dos jovens por meio das mídias sociais. Embora a negligência dos Millers com Jamie certamente não seja evidente, está claro que barreiras de proteção reais são necessárias para os adolescentes porque, deixados por conta própria, as coisas podem rapidamente se tornar um pesadelo.”

Rolling Stone: ‘Uma história complexa sobre o mundo em que crianças e pais vivem hoje’

“Mesmo com essas grandes atuações, mesmo com o brilhantismo técnico em exibição, esta não é uma série fácil de assistir. O final, em que Eddie, Manda e Lisa têm que lidar com o que o resto de suas vidas pode ser, e com as maneiras como eles temem ter falhado com Jamie, é quase insuportavelmente triste às vezes. Mas no que Adolescência tem a dizer, e em quão eloquente e audaciosamente diz isso, ela também está entre as melhores coisas – e uma das primeiras concorrentes à melhor coisa – que você verá na telinha este ano.”

The Hollywood Reporter: ‘Impressionante e intrigante’

A publicação destaca o uso do plano-sequência e considera o uso do recurso complementar à narrativa.

“O mistério do que Jamie fez ou não fez é relevante, mas secundário a questões maiores sobre masculinidade, seja ela tóxica ou frágil, em um mundo de bullying, pornografia de vingança e modelos virtuais nocivos como o citado Andrew Tate. O pesadelo do assassinato se perde um pouco no pesadelo mais penetrante da, bem, adolescência. A série é menos efetivamente empática em relação à vítima ou à situação das adolescentes, embora talvez isso seja um reflexo da indiferença social. A dor dessa indiferença é capturada pela breve e vividamente feroz atuação de Fatima Bojang como a melhor amiga da vítima, que claramente não está recebendo a atenção ou a ajuda que merece.”

The New York Times: ‘É sobre um adolescente, mas suas ideias são adultas’

A crítica Margaret Lyons afirma que o destaque da série é seu realismo depressivo, e o fato de o plano contínuo adicionar pânico e urgência.

“As atuações aqui são excelentes, com choro e real senso de peso e verossimilhança. É um momento estranho para se envolver em miséria recreativa? Quando há tanto desespero para todos? Sim, provavelmente, mas Adolescência não é agonia pela agonia. Ela usa sua dor e choque como uma porta lateral para questões interessantes e críticas sociais. É sobre um adolescente, mas suas ideias são adultas.”

The New Yorker: ‘Sua perspectiva é sempre apenas a de um estranho’

A crítica Inkoo Kang, da revista The New Yorker, é mais reticente quanto aos efeitos positivos da série.

“Adolescência é uma expressão do pânico parental uma tentativa de lidar com a crise dos meninos e da masculinidade viciada em tecnologia de hoje (…) Infelizmente, a abordagem chamativa e fragmentária prejudica suas tentativas de iluminar. Andrew Tate, incels e a manosfera são citados, e o enredo poderia facilmente, ainda que grosseiramente, ser resumido pela citação viral comumente atribuída a Margaret Atwood: ‘Os homens têm medo de que as mulheres riam deles. As mulheres têm medo de que os homens as matem.’ Mas acabei desejando que o programa pudesse ter dado interioridade genuína aos seus jovens personagens masculinos, especialmente àqueles além de Jamie.”

“Como a série opta por se concentrar mais nos fatores sociais que tornam tal assassinato plausível do que nos desejos e preocupações específicos de Jamie, sua perspectiva é sempre apenas a de um estranho. E embora faça um discurso sobre a humanidade negligenciada de Katie, sua verdadeira simpatia está menos com a vítima do que com os espectadores adultos tentando dar sentido a tudo isso.”

The Guardian: ‘A coisa mais próxima da perfeição na TV em décadas’

A crítica Lucy Mangan destaca em seu texto que a série é impressionante, e que as perguntas levantadas por ela permanecem com o espectador.

“Adolescência pergunta quem e o que estamos ensinando aos meninos, e como esperamos que eles naveguem neste mundo cada vez mais tóxico e impossível quando nosso conceito de masculinidade ainda parece depender de meninos e homens fazendo isso sozinhos. E mantém a vítima presente o suficiente para que a questão de quantas meninas e mulheres morrerão enquanto tentamos resolver tudo isso fique conosco também.”

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