Mostra no MIS conduz visitante pelas teorias de Carl Jung

Um dos espaços da exposição A Alma Humana, Você e o Universo de Jung, no Museu da Imagem e do Som (MIS), tem as paredes cobertas de máscaras de gesso. Ali, três cadeiras vermelhas estão posicionadas diante de três espelhos, cada um contendo uma frase do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961): “Quem caminha em direção a si mesmo corre o risco do encontro consigo mesmo”; “O espelho não lisonjeia, mostrando fielmente o que quer que nele se olhe”; “O espelho está por detrás da máscara e mostra a face verdadeira”.

É um convite à reflexão sobre si mesmo, conduzida pelas ideias de um pensador que faz parte do cânone da psicologia. Nessa sala, por exemplo, a mostra usa o espaço artístico e sensorial para introduzir o conceito de persona, a “máscara social” que um indivíduo cria para se apresentar à sociedade.

Essa é a ideia que norteia toda a exposição, que ocupa 550 metros quadrados do primeiro andar do MIS e usa diferentes elementos – entre instalações, fotografias, esculturas e outras obras – e estímulos sensoriais – como vídeos, sons e espaços interativos – para conduzir o visitante pelas teorias de Jung.

Em 2025, são lembrados os 150 anos de nascimento do psiquiatra.

“Normalmente, se conta a história dos pensadores, o que é maravilhoso. Mas essa exposição tem uma dimensão muito simbólica. Mais do que contar a história de Jung, queremos colocar o visitante dentro do conceito e da cosmovisão junguiana”, explica Luciana Branco, fundadora do hub criativo de comunicação Em Branco e idealizadora da nova mostra.

A proposta nasceu de forma inusitada: Luciana diz que estava no final de uma prática de ioga quando a exposição surgiu em sua mente. Era uma imagem muito real e, naquele instante, ela sabia que o projeto tinha de acontecer. Foi para casa e começou a pesquisar, certificando-se de que nada parecido havia sido feito antes. Luciana conversou, então, com André Sturm, diretor-geral do MIS, que logo abraçou o projeto. “Eu realmente vi que a exposição cabia no MIS, porque fala sobre a interpretação dos sonhos, das mandalas, do inconsciente coletivo, o que nos permitiria usar os recursos da imagem e do som para refletir sobre isso e fazer o que a gente gosta aqui, que são as exposições sensoriais.”

Construção

O próximo passo foi buscar quem mais entendia do assunto: Waldemar e Simone Magaldi, fundadores do Ijep (Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa). A instituição se dedica há quatro décadas a estudar e disseminar a obra do pensador. Eles integram a curadoria da exposição. O projeto também contou com Flavio Vieira e Camila Whitaker e produção executiva de Naiclê Leônidas.

Waldemar explica que a construção do percurso da exposição foi inspirada na própria trajetória de autoconhecimento de Jung. “O que estamos buscando é fazer com que as pessoas que vão visitar a exposição se contagiem com o que contagiou Jung e também nós, que somos disseminadores dessa obra”, afirma.

Segundo a definição do MIS, a exposição é guiada por três esferas. A primeira delas é a pedagógica, que se concretiza por meio de textos que explicam de maneira didática os conceitos de Jung. O pensador é responsável por alguns dos termos mais importantes do estudo da psique humana e que são usados com frequência no senso comum: introvertido, extrovertido, complexo, persona e arquétipos, por exemplo.

A segunda esfera com a qual a exposição lida é a sensorial, ou seja, buscando provocar diferentes sensações no espectador. Por fim, há a esfera provocativa: cada um dos espaços da mostra apresenta uma questão ao público, com o objetivo de fazê-lo refletir sobre seus comportamentos e sua visão de mundo por intermédio dos conceitos apresentados.

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Por Redação Folha de Guarulhos.

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