Professora de inglês morta em trilha de SC tinha problema no joelho: ‘Não conseguia correr’

O marido de Catarina Kasten, de 31 anos, morta na sexta-feira, 21, em Florianópolis, afirmou que a vítima tinha um problema no joelho que a impedia de correr. Ela seguia para uma aula de natação na Praia do Matadeiro, acessada por uma trilha, quando foi abordada por Giovane Correa Mayer, 21. O suspeito confessou o crime e disse estar sob efeito de drogas. Ele foi preso em flagrante. A reportagem não localizou a defesa de Mayer.

Roger Gusmão, marido de Catarina, disse que a mulher usava uma roupa de mergulho que limitava os movimentos. Segundo ele, a vestimenta pode ter dificultado uma tentativa de fuga. “Ela não corria. Tinha um problema no joelho. O médico disse que ela teria de operar se quisesse correr. Ela falava: ‘Eu não preciso correr, eu já nado'”, afirmou. “Naquele dia ela saiu com a neoprene pendurada da cintura para baixo. Essa roupa aperta e tira a flexibilidade.”

A causa da morte foi asfixia por estrangulamento. Gusmão afirmou que a mulher apresentava marcas de espancamento. “Bateu com um objeto no rosto dela. Afundou o osso em três pontos. Deu um soco no olho. A pior parte era a marca de estrangulamento no pescoço. Para quê?”, lamentou.

Planos interrompidos

Catarina era aluna do Programa de Pós-Graduação em Inglês: Estudos Linguísticos e Literários na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e planejava obter uma vaga como professora de inglês na rede municipal de Florianópolis. Antes de estudar Letras na UFSC, ela foi aluna da Engenharia de Produção, onde integrou o Centro Acadêmico Livre de Engenharia de Produção (CALIPRO)

“Ela começou na Engenharia de Produção, depois bateu o pé com a família e falou que a área dela era Letras, assim como a mãe. A mãe falou: ‘Mas eu ganhei pouco a vida toda’, e ela respondeu ‘não importa o dinheiro, eu vou fazer o que eu gosto'”, lembrou Roger.

O casal tinha planos de construir a casa própria a partir de janeiro. Moravam perto da trilha usada por Catarina para chegar à natação. “A gente se conheceu na aula de surf. Ficamos umas quatro, cinco vezes e começamos a morar junto já. São anos que a gente está junto”, contou Roger.

Além do mestrado, Catarina havia ingressado em um grupo de flauta doce. Nas últimas semanas, ensaiava diariamente a música Anunciação, de Alceu Valença. Apresentaria a canção no fim do ano e aguardava a presença dos pais, que viajariam de Joinville. Roger buscava a esposa todas as noites após os ensaios. Ela compartilhava a localização pelo celular e os dois voltavam a pé para casa.

Para o marido, falar sobre Catarina tem sido a principal forma de enfrentar o luto. “É ruim porque a gente tinha tantos planos. O nosso plano era a casa própria, depois um cachorro… Acho que o que tem me confortado é falar dela”.

O caso

Catarina Kasten foi encontrada morta na manhã de 21 de novembro na trilha de acesso à Praia do Matadeiro, no sul de Florianópolis. Ela seguia para uma aula de natação.

Laudos periciais e relatos da família apontam sinais de violência, estrangulamento e agressão sexual. O corpo foi localizado em área de mata após moradores terem encontrado pertences da vítima próximos ao local.

O suspeito, Giovane Correa Mayer, foi identificado por câmeras de segurança que o registraram circulando pela trilha antes do crime. Ele confessou o assassinato. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva.

A polícia informou que Mayer havia sido investigado por violência sexual contra uma idosa de 69 anos em 2022, quando era adolescente. O caso foi encerrado sem conclusão, mas será reaberto para cruzar informações com o inquérito do feminicídio.

A defesa de Mayer é feita pela Defensoria Pública de Santa Catarina. A UFSC divulgou nota de pesar e repúdio à violência contra mulheres. A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios e da Promotoria de Justiça, que pediu a apuração do crime como feminicídio qualificado.

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Por Redação Folha de Guarulhos.

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