A mulher do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), Rebeca Ramagem, publicou neste domingo, 23, um vídeo do momento em que ela e as filhas foram recebidas pelo parlamentar em um aeroporto de Miami, nos Estados Unidos.
Ramagem foi condenado em setembro a mais de 16 anos de prisão em regime fechado por envolvimento na trama golpista e estava proibido de deixar o Brasil. A prisão preventiva do deputado foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira, 21.
“Há uma semana, desembarquei com minhas filhas nos EUA com um único propósito: proteger a minha família”, escreveu Rebeca na publicação. As imagens mostram as filhas de Ramagem correndo pelo aeroporto para abraçar o pai e indicam que o parlamentar e o restante da família chegaram ao País em momentos diferentes.
Rebeca disse que a mudança para os EUA ocorreu porque eles não encontraram no Brasil “a garantia de uma justiça imparcial”. “Somos vítimas de lawfare e temos enfrentado uma perseguição política desumana”, afirmou. O termo lawfare diz respeito à utilização da lei para perseguir um oponente.
“Mantemos a esperança de um dia voltar a um Brasil, onde a escolha político-ideológica não seja tratada como crime, e onde a liberdade de pensar e expressar ideias não se torne motivo de condenação”, acrescentou a mulher de Ramagem.
O PSOL havia pedido à Polícia Federal (PF) na quarta-feira, 20, a prisão preventiva do deputado, após uma reportagem publicada pelo portal PlatôBR mostrar fotos de Ramagem em Miami.
O portal afirmou que ele já estava nos EUA desde setembro. O parlamentar teria seguido um trajeto que incluiu um voo até Boa Vista, no Acre, e, depois, viagem de carro até a fronteira com a Venezuela ou a Guiana.
No mesmo dia, a Câmara dos Deputados disse que não foi comunicada pelo parlamentar sobre a saída do País e que não houve pedido de afastamento nem aviso prévio à Presidência da Casa. A Câmara acrescentou ainda que o deputado apresentou atestados médicos entre 9 de setembro e 8 de outubro e 13 de outubro e 12 de dezembro.
No dia seguinte, Moraes acolheu o pedido da PF e a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e decretou a prisão preventiva de Ramagem, que estava com o passaporte apreendido e proibido de sair do País, sanções aplicadas no julgamento da ação do golpe. O ministro deverá pedir a inclusão do nome do deputado na difusão vermelha da Interpol.
Ramagem é ex-delegado da PF e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Em setembro, foi condenado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Ele sempre negou ligação com a trama do golpe.


