O Estado de São Paulo contabilizou 3.333 casos de meningite entre janeiro e outubro deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP). Desses, 407 pacientes vieram a óbito, incluindo crianças.
Cerca de 60% dos registros estão concentrados nas 39 cidades que compõem o Departamento Regional de Saúde Grande São Paulo, um dos 17 do Estado. Nessa região, foram 2.012 casos confirmados e 243 mortes no período.
A secretaria não detalhou as cidades com mais registros, mas informou que está monitorando a situação epidemiológica em conjunto com os municípios.
No mesmo período do ano passado, o Estado somou 3.946 casos e 524 mortes pela doença. Em 2023, no mesmo recorte temporal, foram 5.505 casos confirmados e 442 óbitos.
Tipos de meningite
A meningite pode ser causada por fungos, vírus ou bactérias. As formas viral e bacteriana são as mais frequentes no País.
Segundo o infectologista Francisco Ivanildo Oliveira Jr., gerente médico do Sabará Hospital Infantil, a meningite viral costuma provocar quadros mais leves, com tratamento baseado no controle de sintomas, e hidratação. Na maioria dos casos, a recuperação ocorre em até uma semana.
Já a versão bacteriana tende a ser mais grave e exige diagnóstico rápido, geralmente com internação e punção lombar. Entre as principais bactérias associadas à doença estão pneumococo, meningococo (tipo C) e Haemophilus influenzae (tipo B). O pneumococo (Streptococcus pneumoniae) afeta mais crianças pequenas e idosos. Já o meningococo (Neisseria meningitidis) acomete principalmente crianças e adolescentes.
Apesar dos diferentes agentes causadores da doença, os sintomas são semelhantes em todos os tipos de meningite. Os principais são: febre, dor de cabeça, vômitos, sonolência, convulsões, alterações visuais e rigidez na nuca. Em alguns casos, especialmente na meningite meningocócica, também podem surgir manchas arroxeadas na pele.
Em caso de sinais sugestivos da doença, a secretaria de Saúde orienta procurar atendimento médico imediatamente.
Transmissão
A transmissão depende do tipo de agente causador. Nos casos virais e bacterianos, o contágio geralmente ocorre pelo contato direto com secreções respiratórias ou saliva de pessoas infectadas, como ao tossir, espirrar, beijar ou compartilhar objetos pessoais, como copos e talheres.
Vacinação
Oliveira Jr. reforça que a vacinação, realizada com imunizantes que protegem contra os diferentes sorotipos do meningococo (A, B, C, W e Y), é essencial para prevenir a doença e que o risco aumenta quando há acúmulo de pessoas não vacinadas.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) prevê duas doses da vacina meningocócica C, aplicadas aos três e aos cinco meses de idade, e um reforço com a vacina ACWY aos 12 meses. Além disso, crianças de 11 a 14 anos devem receber uma nova dose de meningocócica C ou ACWY.
Existe ainda a vacina meningocócica B, disponível apenas na rede privada.
A SES-SP afirma que as vacinas C e ACWY estão disponíveis em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). De janeiro a julho deste ano, a cobertura da vacina meningocócica C para menores de um ano foi de 82,6% no Estado, índice inferior ao de 2024, de 91,7%, e abaixo da meta de 95%. Já a vacina ACWY atingiu cobertura de 48,1% neste ano, ante 52,1% em 2024.


