PF usou áudios captados em cela para desvendar assassinatos Bruno Pereira e Dom Phillips

Novos desdobramentos da investigação sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips vieram à tona neste domingo, 10, com a divulgação de áudios de conversas entre os acusados Rubens Villar Coelho, conhecido como “Colômbia”, Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado” e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”.

O material foi divulgado pelo Fantástico, da TV Globo. À emissora, Sávio Pinzon, delegado da Polícia Federal do Estado do Amazonas responsável pelo caso, explicou como o material foi obtido: “Através de uma autorização judicial foram colocadas escutas ambientais na cela onde se encontravam essas pessoas”.

“Ele (Colômbia) queria se vingar e desejava que o Bruno (Pereira) fosse eliminado para que não causasse prejuízo à sua atividade ilícita de pesca. Os indícios comprovam que o Colômbia financiou a própria execução do crime, entregando munição para os assassinos. Foi possível descobrir, também, que o Colômbia foi quem financiou os advogados de Amarildo após o cometimento do crime”, explicou, sobre o conteúdo dos áudios.

Os áudios

Numa das conversas, Colômbia questiona Amarildo: “Tu falou alguma coisa do cartucho (de munição)? Que tu comprou o cartucho de mim?”. “Não, não”, responde o colega. Em outro, Colômbia assume que financiou os custos advocatícios de Pelado: “Eles estão pressionando sobre o advogado que eu paguei”. “Sobre o meu, né? É, eu disse que tu não pagou, não. Foi minha família”, responde o outro.

Conversas entre Amarildo e Jefferson também vieram à tona. Em uma, Jefferson fala sobre ter admitido que deu um tiro pelas costas durante depoimento: “Eu falei que foi pelas costas. Ficou ruim”. “Pois é, aí tu fala que foi pelo lado”, responde o outro acusado.

Amarildo, que tem seis parentes indiciados pelo crime de ocultação pela acusação de terem escondido os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips, comenta sobre o tema: “Tu tem que dizer que só estávamos nós dois, porque se colocar os meninos no meio, vai dar formação de quadrilha, tu tá entendendo? Aí nós tocamos fogo, aí nós estávamos com medo da fumaça, de helicóptero, aí nós enterramos”.

Jefferson questiona: “E das espingardas, perguntaram?” “A minha foi jogada dentro d’água. O (nome bipado na reportagem do Fantástico) jogou no meio do rio. Eu mandei ele jogar”, responde Amarildo.

O assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips

O indigenista Bruno Pereira, que treinava indígenas para fiscalização e vigilância, e o jornalista Dom Phillips, que documentava a Amazônia, foram assassinados a tiros, esquartejados, queimados e enterrados no Vale do Javari, região do extremo oeste do Amazonas, em junho de 2022. Eles desapareceram em 5 de junho daquele ano, e seus restos mortais foram encontrados dez dias depois.

A hipótese da Polícia Federal é a de que o crime teria sido encomendado porque Bruno e Dom estariam causando prejuízo financeiro ao esquema de pesca clandestina da região.

Colômbia foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) como mandante e posteriormente se tornou réu. Ele é acusado de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa para as vítimas. Além disso, também é investigado por pesca ilegal, contrabando e tráfico de drogas.

Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, chegou a confessar o crime e indicar o local onde Bruno Pereira e Dom Phillips estavam enterrados. Ele será levado a júri popular, assim como Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, outros participantes do crime segundo a PF.

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