Horário de verão poderá ser necessário neste ano, afirma a nos

A preocupação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) com o atendimento da ponta de consumo de energia elétrica no País se agravou no Plano de Operação Energética (PEN) para o período de 2025-2029, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato. Segundo ele, é possível que este ano seja recomendado ao governo a retomada do horário de verão para obter pelo menos mais 2 gigawatts (GW) de reforço no Sistema Interligado Nacional (SIN). A decisão precisa ser tomada até o próximo mês, já que a medida requer três meses de antecedência para ser implementada.

“O PEN olha se a quantidade de geração disponível, no sentido amplo, se os recursos que temos, atendem o consumo do Brasil. O PEN 2025-2029 confirmou o diagnóstico do ano passado e mostrou agravamento do déficit de potência”, disse Zucarato. “Eventualmente, podemos recomendar horário de verão como imprescindível.”

Segundo ele, como este ano não houve leilão, “apesar da recomendação feita desde 2021 para que fossem realizados leilões anuais”, além das medidas já tomadas – como a antecipação da entrada de projetos do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2021 e maior uso de térmicas -, o ONS poderá também importar 2,5 GW de energia de países vizinhos.

“O que a gente observa, e isso é um repeteco das conclusões que nós chegamos já desde o PEN de 2021, é que o sistema está sobreofertado de energia”, afirmou o diretor. Zucarato destacou que a geração de energia cresceu no País, mas puxada pela energia solar, que, naturalmente, não produz à noite e não garante potência. “A MMGD (mini e microgeração distribuída solar) no PEN 2025-29 sai de 35 GW para 64 GW. A solar centralizada de 16,5 GW para 24 GW e a eólica de 32,5 GW para 36 GW.”

“Então, basicamente, isso explica todo esse crescimento de 232 GW para 268 GW no SIN entre 2025 e 2029, são quase 40 GW de solar, que não atende a ponta noturna”, ressaltou ele. “E é aí que a gente enxerga que o critério de atendimento da ponta, que já não estava atendido, fica menos atendido ainda. Ou seja, esse déficit estrutural se aprofunda”, afirmou.

Sem chuvas

Para Zucarato, se as chuvas atrasarem novamente este ano, os meses mais críticos serão outubro e novembro, e a solução será realizar o leilão de reserva de capacidade (LRCAP) o mais rápido possível em 2026.

No ano passado, o governo federal chegou a cogitar a retomada do horário de verão, que foi abolido em 2019, mas concluiu em outubro que não havia necessidade. Contudo, ficou mantida a possibilidade da volta da política neste ano, com base em análises posteriores.

Sob o ponto de vista da segurança energética, o adiantamento dos relógios em uma hora é justificado pela necessidade de redução de consumo no horário de ponta. Em tese, pode-se ter melhor aproveitamento da luz natural.

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