Galípolo diz que 2 palavras centrais da comunicação monetária são ‘cautela’ e ‘flexibilidade’

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira, 23, que as duas palavras centrais na comunicação da autoridade monetária são “cautela” e “flexibilidade”. Em participação por videoconferência no Seminário Anual de Política Monetária, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro, ele explicou que essa combinação é necessária, diante do estágio do ciclo de juros e da incerteza global.

“O que a cautela quer dizer é: dado o estágio que nós estamos da política monetária, e dada a incerteza, o Banco Central não deveria fazer movimentos bruscos neste momento”, disse Galípolo. “Estamos no momento de preservar a flexibilidade, de preservar alternativas”, acrescentou.

O banqueiro central explicou que, como a autarquia não deve fazer movimentos bruscos, o tempo em que a política monetária permanecerá em nível “substancialmente contracionista” ganha peso para a convergência da inflação à meta.

Sobre a flexibilidade, destacou que não é o momento de indicar quais fatores poderiam levar a uma inflexão dos juros.

“O mundo está mais incerto, ele está mais surpreendente, ele está mais volátil, e tem cada vez mais notícias que impactam preços e a dinâmica dos ativos”, disse Galípolo. “Num mundo como esse, estando no Banco Central do Brasil, eu acho que faz bastante sentido preservarmos essa flexibilidade para a autoridade monetária.”

O banqueiro central também voltou a dizer que o papel do BC, agora, é comunicar a sua função de reação, e não sinalizar passos futuros.

Processo de calibragem

Galípolo disse ainda que é normal que a autarquia tenha entrado em um “processo de calibragem”, buscando entender se a taxa de juros está em nível contracionista o bastante para promover a convergência da inflação, depois de ter feito um ciclo rápido de aperto monetário.

“O Banco Central produziu um ajuste na política monetária, de aperto na política monetária, que colocou a taxa de juros num patamar que eu acho que é difícil a gente discutir se não é contracionista”, afirmou Galípolo. “A discussão é se ele é contracionista o suficiente, e por quanto tempo precisa permanecer num patamar bastante contracionista.”

O BC também busca comunicar que tem consciência da necessidade de permanecer com a taxa em nível “bastante contracionista” por período mais prolongado para promover a convergência da inflação à meta, diante do forte dinamismo que a economia brasileira vem apresentando nos últimos anos, ele disse.

Passagem pelos ciclos

O presidente do Banco Central afirmou que a comunicação da autoridade monetária tem conseguido passar bem pelos ciclos, porque tem sido transparente. Segundo ele, a intenção da comunicação do Banco central “não é querer algo”, mas sim explicitar o que está olhando em suas decisões.

Galípolo argumentou ser difícil formular cenários em meio à incerteza elevada, porque há dificuldade também de dizer que não são projeções.

“Sinto uma tendência dos bancos centrais a fazer uma comunicação mais direta, simplificada, sem sinais futuros”, avaliou Galípolo.

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