Ibovespa sobe 0,66% e renova recorde de encerramento, aos 139,3 mil pontos

O Ibovespa teve um dia de variação restrita, de cerca de mil pontos entre a mínima (138.320,61) e a máxima (139.408,29) do dia, em que saiu de abertura aos 138.424,96 pontos. No fechamento, mostrava ganho de 0,66%, aos 139.334,38 pontos, superando o recorde de encerramento desta segunda-feira, 12, então perto do limiar dos 139 mil pontos, a 138,9 mil. O giro financeiro desta quinta-feira ficou em R$ 25,2 bilhões, após ter avançado ontem por conta do vencimento de opções sobre o índice – amanhã, será a vez do vencimento de opções sobre ações. Na semana, o Ibovespa sobe 2,07% e, no mês, ganha 3,16% – no ano, a alta é de 15,84%.

O suporte ao índice foi assegurado pela principal ação da carteira, Vale ON, que fechou em alta de 1,00% e por parte das ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON -1,21%), e tendo Itaú (PN +1,34%) e Bradesco à frente (ON +0,68%, PN +0,99%). Petrobras também tentou se firmar no campo positivo à tarde, com a ON em alta de 0,32%, mas a PN um pouco abaixo da estabilidade (-0,13%) no fechamento.

Os índices de ações em Nova York tiveram ajuste discreto, com variações entre -0,18% (Nasdaq) e +0,65% (Dow Jones) no fim da sessão, em dia de correção mais forte no petróleo, em baixa superior a 2% no Brent e no WTI. O dia foi de ajuste negativo nos rendimentos dos Treasuries, mas, por aqui, a curva do DI virou e chegou a subir à tarde, mas encerrou em baixa. O dólar à vista fechou em alta de 0,82%, a R$ 5,6788.

“No Brasil, o varejo veio abaixo das expectativas, ampliando a percepção de um PIB mais fraco no primeiro trimestre. A combinação de fluxo externo desfavorável, ajuste de posições locais, assim como dados domésticos menos favoráveis, contribuiu para a retomada de força da moeda americana”, resume Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, Yduqs (+6,82%), BRF (+4,78%) e Vivara (+4,68%). No lado oposto, CVC (-6,72%), Azul (-5,00%) e IRB (-3,37%).

“Teve dado importante sobre preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, mostrando que, por enquanto, as empresas estão absorvendo os efeitos, os custos das tarifas mais altas”, diz Patrícia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface. “No cenário doméstico, há rumores sobre novos pacotes de medidas, que poderiam envolver aumento de gastos, apesar do desmentido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que reiterou também o compromisso para o cumprimento da meta fiscal.”

Na agenda de resultados corporativos, destaque para o balanço da Eletrobras, divulgado na noite de ontem, que fez as ações da empresa se descolarem do desempenho positivo do setor elétrico na sessão. No fechamento, Eletrobrás ON mostrava perda de 3,22% e a PNB, de 3,13%, enquanto os ganhos no segmento chegaram a 3,13% (Cemig PN, na máxima do dia no encerramento da sessão).

“Ainda que o resultado tenha sido ruim, atingido principalmente por uma estratégia agressiva na comercialização, que obrigou a empresa a comprar energia no mercado de curto prazo para honrar os contratos firmados, vejo uma boa oportunidade de compra com a queda nas ações da Eletrobras”, avalia Bernardo Viero, analista na Suno Research.

Dólar

O dólar acentuou bastante o ritmo de alta ao longo da tarde desta quinta, 15, e se aproximou no nível de R$ 5,70 com um aumento da percepção de risco fiscal, após relatos de que o governo estuda a adoção de um pacote de medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, já circulavam informações de que o Planalto pretendia reajustar o Bolsa Família a partir de 2026.

Apesar de negativas de autoridades em Brasília, incluindo uma fala dura do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o desconforto com o quadro fiscal continuou a permear os negócios no mercado de câmbio doméstico, embora o dólar tenha desacelerado o ritmo de alta reta final da sessão. Já abalado pelo tombo do petróleo e o ambiente ruim para divisas latino-americanas, o real terminou por apresentar nesta quinta-feira o pior desempenho entre as moedas mais líquidas.

Com máxima a R$ 5,6974, o dólar à vista fechou em alta de 0,82%, cotado a R$ 5,6788. Depois do avanço dos últimos dois pregões, a moeda passou a apresentar ganho de 0,42% na semana e de 0,04% em maio. As perdas da moeda ano, que na segunda-feira superavam 9%, estão agora em 8,11%.

“A questão fiscal voltou a influenciar o câmbio. O governo conseguiu ressuscitar o assunto com essa história de reajuste do Bolsa Família. Quando Lula estava recuperando a popularidade, veio o escândalo do INSS e o governo parece querer reagir”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, em referência aos descontos indevidos em salários de aposentados.

À tarde, fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que o Palácio do Planalto analisa uma série de medidas para tentar alavancar a popularidade de Lula. Estariam em estudo um novo Vale Gás, uma linha de crédito para entregadores por aplicativo e um programa para uso de estrutura de hospitais particulares para cirurgias do SUS. Haveria estudos também para uma linha de financiamento para melhorias em moradias precárias e uma proposta para igualar benefícios de motoristas de aplicativo aos de taxistas.

Diante dos rumores sobre um reajuste do Bolsa Família, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e fontes de diversas alas do governo negaram a intenção de elevação do benefício no próximo ano, marcado pela eleição presidencial. “Não há decisão e nem estudos para o reajuste citado”, disse Dias ao Broadcast Político.

Em seguida, foi a vez das negativas de Haddad. Ele ressaltou que não há “demanda de espaço fiscal para novos projetos”. Segundo o ministro, estariam em discussão medidas pontuais para cumprimento do resultado primário de 2025. “Não há da parte do MDS pressão sobre a área econômica para nenhuma iniciativa nova”, disse, em referência ao ministério do Desenvolvimento Social.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, observa que a tendência global de enfraquecimento da moeda americana poderia abrir espaço para queda adicional do dólar por aqui, mas que a preocupação com o quadro fiscal doméstico impede uma apreciação maior do real.

“Há muita dúvida ainda com a parte fiscal, que ficou um tempo fora de foco por conta das turbulências globais com as tarifas de Donald Trump. A volta do problema fiscal para a pauta pode puxar o dólar novamente para o nível de R$ 5,90”, afirma Velloni.

Lá fora, o índice DXY – que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro e o iene – operou em baixa moderada ao longo do dia e rondava os 100,800 pontos no fim da tarde, após mínima aos 100,589 pontos. As cotações do petróleo caíram mais de 2% com possibilidade de acordo entre EUA e Irã sobre a questão nuclear, o que poderia levantar sanções sobre o óleo iraniano.

Leitura de indicadores americanos, como vendas no varejo e produção industrial, vieram abaixo do esperado, embora não mostrem sinais de uma piora acentuada da economia dos EUA desenhada pelo chamado ‘soft data’, como os números de confiança do consumidor e índices de gerentes de compras. Em todo caso, sugerem que pode haver espaço para o Federal Reserve cortar os juros neste ano, mesmo com um eventual repique dos preços.

Após a leitura benigna da inflação ao consumidor, saiu hoje que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA caiu 0,5% em abril, enquanto se esperava alta de 0,2%. Na comparação anual houve avanço de 2,4% em linha com o esperado. O núcleo do PPI caiu 0,4%, diante de previsão de alta de 0,3%. Mas o núcleo subiu 3,1% na comparação anual, pouco acima das expectativas (3%).

Segundo a Capital Economics, tanto as vendas no varejo quanto o PPI trazem poucos sinais negativos da política tarifária de Donald Trump. Em nota a clientes, a consultoria britânica prevê agora que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA crescerá 2,5% no segundo trimestre, após a contração de 0,3% do primeiro trimestre.

Juros

Os juros futuros abandonaram o sinal de queda e passaram a subir no meio da tarde desta quinta, 15, pressionados pela piora na percepção de risco fiscal, mas acabaram fechando perto da estabilidade. Informações apontando que o governo prepara medidas para impulsionar sua popularidade levaram as taxas a abandonar momentaneamente o alinhamento visto desde manhã ao fechamento da curva dos Treasuries. O Ministério da Fazenda negou tais iniciativas e o avanço perdeu fôlego, mas as taxas não conseguiram retomar o sinal de baixa. Além dos Treasuries, outro vetor de alívio nos prêmios mais cedo foi o leilão de prefixados do Tesouro com lote e risco para o mercado menores.

A piora à tarde foi mais pronunciada nos vencimentos longos, que são mais vulneráveis ao cenário fiscal, mas no fim do dia os yields dos Treasuries bateram mínimas, apagando o avanço das taxas. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,795%, de 14,812% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 14,14%, de 14,13%. A do DI para janeiro de 2029 passou de 13,65% para 13,67%.

Segundo informação apurada pelo Broadcast Político, o Planalto analisa medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abalada pela descoberta das fraudes no INSS. Entre as propostas, estão o novo Vale Gás, linha de crédito a entregadores por aplicativo e um programa no Ministério da Saúde para uso de estrutura de hospitais particulares para cirurgias do SUS.

Pela manhã, já circulava nas mesas publicação do colunista da Revista Veja Thomas Traumann, segundo a qual o governo estuda reajustar o Bolsa Família de R$ 600 para R$ 700 a partir de janeiro, o que, de acordo com economistas, teria impacto fiscal entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões por ano. Ao Broadcast, o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, e fontes de diferentes alas do governo negaram tal intenção.

Do mesmo modo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rechaçou a existência de “pacote” e reforçou repetidas vezes que não há discussão para abrir espaço fiscal para novos gastos. “Não tem estudo, não tem demanda, não tem pedido, não tem nada”, declarou.

As negativas do governo conseguiram no máximo reduzir o ritmo de alta das taxas, sem força para reconduzi-las à trajetória descendente.

Segundo players de mercado, a notícia do Bolsa Família só não fez preço pela manhã em função do forte recuo dos yields dos Treasuries, por sua vez atribuído à deflação acima da esperada do índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) de abril e a dados abaixo do esperado de atividade nos EUA, como as vendas do varejo. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, explica que o PPI tem elementos que antecipam o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve.

“A taxa da T-Note de dez anos foi a um pico de 4,5% que parece muito salgado”, disse Mathias, sobre a escalada de ontem. Para ele, a inflação nos EUA deve avançar nos próximos meses até alcançar 4%, mas acabará provocando desaceleração da atividade. Mesmo com os acordos que têm sido fechados nos últimos dias, a perspectiva para a economia é negativa. O juro da T-Note de dez anos passou o dia em queda e chegava ao fim da tarde em 4,44%.

O destaque da agenda doméstica foi a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de março, com as vendas do varejo restrito (+0,8%) e ampliado (+1,9%) na margem vindo abaixo das medianas das estimativas, de +1,0% e +2,1%.

Além dos Treasuries, outro fator a ancorar as taxas na primeira etapa foi a oferta menor de prefixados do Tesouro no leilão. Logo após a divulgação do edital, os DIs tocaram as mínimas do dia. Contudo, os lotes – 6 milhões de LTN e 600 mil NTN-F – não foram vendidos integralmente. O Tesouro colocou 4,86 milhões de LTN e apenas 310 mil NTN-F.

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