O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que cabe à China diminuir tensões comerciais com os EUA, frente ao atual nível “insustentável” das tarifas entre ambos. Em entrevista à CNBC, Bessent evitou comentar diretamente se o presidente norte-americano, Donald Trump, já telefonou para o presidente chinês, Xi Jinping, mas disse que os governos estão em contato “em todos os aspectos”.
Questionado, o secretário do Tesouro afirmou que ficou surpreso com a reação de investidores aos sus comentários durante uma reunião a portas fechadas do JPMorgan, que aconteceu na semana passada. “Não há nada que eu tenha dito na reunião que eu não tenha dito antes para a imprensa”, disse, reiterando que espera uma desescalada na situação comercial.
Bessent destacou como positiva a isenção da China sobre determinados bens norte-americanos, em um processo “silencioso” que foi revelado pelo Wall Street Journal durante o fim de semana. “Mostra que eles têm a intenção de reduzir tensões”, pontuou.
Ele, contudo, ressaltou que não vê a China como um parceiro comercial confiável, o que, na visão dele, reflete a escolha de empresas americanas como a Apple de retirar a produção do país.
“A China nos deu uma lista dos bens que são essenciais para eles para negociarmos. Mas também temos uma lista do que fazer para escalar as tensões comerciais, que espero não ter que usar”, alertou Bessent.
Negociações com asiáticos
O secretário do Tesouro dos EUA afirmou que as negociações com países asiáticos “estão indo bem”, incluindo com Japão e Coreia do Sul. Na entrevista à CNBC, ele disse que vários países apresentaram boas propostas.
Bessent reconheceu que há um template padrão norte-americano para conduzir as negociações e fechar os acordos comerciais, exceto com a China, que é “mais complicada” e precisa “ser conduzida à parte”. “Não vamos compartilhar nosso modelo”, afirmou, acrescentando que pretende alcançar “os melhores acordos para a população americana”.
Ele expressou otimismo particularmente sobre as negociações com a Índia, afirmando que deve ser um dos primeiros países a assinar um acordo.
Ressaltou também a importância da participação do presidente norte-americano, Donald Trump, alegando que cabe à ele a palavra final sobre os acordos comerciais com outros países. “Estamos comprometidos em tornar EUA o melhor lugar do mundo para entrada de capital e desregular a maior economia do planeta”, prometeu.
‘Negócios personalizados’
Em outra entrevista, desta vez para a Fox News, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que a administração norte-americana está fazendo “negócios personalizados” com 15 a 18 parceiros comerciais e que o presidente Donald Trump está “pessoalmente envolvido” em todas elas. “Estamos progredindo rapidamente com as negociações”, disse.
Ao ser questionado sobre conversas com a China, Bessent mencionou que “talvez liguem algum dia”, mas não expressou preocupação com a possibilidade de prateleiras vazias por falta de abastecimento.
“Veremos elasticidades e veremos substituições”, ressaltou o secretário, ao afirmar que quer ver “o quão rápido os chineses querem uma desescalada” das tensões comerciais.