A Evolução das Teorias da Informação, Consciência e Realidade
Ao longo do século XX e início do século XXI, uma revolução silenciosa foi tomando forma — não nos laboratórios de partículas ou nos telescópios, mas no modo como compreendemos o universo e a mente. Um novo paradigma passou a emergir: a realidade não é feita apenas de matéria e energia, mas de informação, consciência e interconexão.
Essa transformação se deu a partir da convergência entre ciência, filosofia, física quântica, neurociência e espiritualidade, por meio da contribuição de grandes pensadores.
Claude Shannon (1916–2001)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Claude_Shannon

Obra: A Mathematical Theory of Communication (1948)
Claude Shannon, engenheiro e matemático americano, publicou em 1948 um artigo revolucionário na revista Bell System Technical Journal, fundando a Teoria Matemática da Informação. Nele, Shannon demonstrou que toda informação pode ser medida, codificada e transmitida com base em escolhas binárias: 0 e 1 — os famosos bits (binary digits).
Embora Shannon não tenha abordado a natureza da realidade ou da consciência, sua contribuição técnica abriu as portas para a compreensão da informação como estrutura subjacente a toda comunicação, computação e, por extensão, realidade física.
Conceito-chave: A informação pode ser quantificada em bits, e tudo que se comunica ou representa pode ser reduzido a decisões binárias.
Karl Pribram (1919–2015)
https://en.wikipedia.org/wiki/Karl_H._Pribram

Obra consolidada: Brain and Perception (1991)
Desenvolvimento inicial: anos 1950 em diante
Karl Pribram, neurocientista norte-americano, propôs a teoria do cérebro holográfico, revolucionando a compreensão da mente. Ele observou que nenhuma parte do cérebro armazena memórias de maneira localizada — cada região parece ter acesso ao todo, assim como num holograma.
Com base nisso, Pribram sugeriu que o cérebro não “contém” a mente, mas decodifica informações de um campo mais profundo, como uma antena sintonizando frequências. Em cooperação com David Bohm, uniu sua visão da mente ao conceito quântico de realidade como holograma.
Conceito-chave: A mente não é produto do cérebro, mas uma manifestação de um campo informacional holográfico acessado por ele.
Jiddu Krishnamurti (1895–1986) & David Bohm (1917–1992)
https://en.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti & https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Bohm

Diálogos e encontros filosóficos: 1970s–1980s
Obra principal de Bohm: Wholeness and the Implicate Order (1980)
Nos anos 1970 e 1980, o físico David Bohm uniu forças com o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti. Ambos criticavam a fragmentação do pensamento ocidental, e defendiam a ideia de uma realidade indivisível, onde observador e observado são um só.
Em sua obra seminal de 1980, Wholeness and the Implicate Order, Bohm formalizou a existência de duas ordens:
- A ordem explícita: a realidade visível e fragmentada, onde as coisas parecem separadas.
- A ordem implícita: uma dimensão mais profunda, invisível, onde tudo está contido em tudo (semelhante a um holograma).
Bohm denominou esse fluxo universal de holomovimento. Ele defendia que a consciência não está isolada, mas é parte do movimento do próprio universo, atuando como expressão dessa ordem implícita.
Conceito-chave: A realidade é uma totalidade indivisível em fluxo. O que percebemos como “coisas separadas” são projeções superficiais de uma estrutura informacional mais profunda.
John G. Cramer (1934–)
https://en.wikipedia.org/wiki/John_G._Cramer

Obra: Transactional Interpretation of Quantum Mechanics (1986)
Físico norte-americano, Cramer propôs uma das interpretações mais ousadas da mecânica quântica: a Interpretação Transacional, na qual eventos quânticos envolvem uma troca bidirecional de informação entre o futuro e o passado. Isso significa que o futuro pode influenciar o passado, desafiando o conceito clássico de causalidade linear.
Sua teoria apoia-se em fenômenos quânticos observáveis, como o experimento da escolha retardada de Wheeler, e fortalece a noção de que a realidade não está totalmente definida até o momento da observação — e que o próprio ato de observar pode reorganizar eventos passados.
Conceito-chave: A informação flui em duas direções no tempo. O presente influencia o passado quântico, reforçando a ideia de realidade como co-construção contínua.
John Archibald Wheeler (1911–2008)
https://en.wikipedia.org/wiki/John_Archibald_Wheeler

Obra: Information, Physics, Quantum: The Search for Links (1989)
Wheeler, um dos maiores físicos do século XX, propôs a radical ideia de que a realidade física não é feita de coisas, mas de informação. Com a expressão “It from Bit”, ele afirmava que toda coisa material (“It”) é derivada de decisões binárias (“Bit”) — ou seja, a matéria é uma manifestação do processamento informacional do universo.
Ele também cunhou o termo Universo Participativo: a realidade não é um sistema pronto que apenas observamos, mas algo que é criado, colapsado e organizado através da própria observação consciente.
Conceito-chave: A realidade emerge da interação entre o observador e o sistema. A informação está na base de tudo, e a consciência participa ativamente da criação do universo.
Francisco Di Biase (1951–)
https://scholar.google.com.br/citations?user=heyFcIgAAAAJ&hl=pt-BR

Obra: O Universo Autoconsciente (1997)
Neurocirurgião e pesquisador brasileiro, Di Biase propôs a Teoria Holoinformacional da Consciência, unindo física quântica, neurociência e filosofia oriental. Segundo ele, o universo é um holograma de consciência em evolução, onde tudo está interligado por um campo não-local de informação.
Para Di Biase, a mente humana acessa esse campo da mesma forma que um rádio sintoniza uma frequência. A consciência, portanto, não está confinada ao cérebro, mas se expressa por ele.
Conceito-chave: O universo é autoconsciente. A mente humana é uma antena que acessa uma rede holoinformacional que sustenta toda a existência.
Ervin Laszlo (1932–)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ervin_L%C3%A1szl%C3%B3

Obra: Science and the Akashic Field (2004)
Filósofo húngaro e ex-pianista de concerto, Laszlo sistematizou o conceito do Campo Akáshico Informacional, inspirado nos registros védicos do “Akasha” — o éter primordial. Segundo ele, o universo é permeado por um campo cósmico de informação, que:
- Registra todos os acontecimentos,
- Conecta tudo com tudo,
- Sustenta o equilíbrio e a evolução universal.
Ele considera esse campo a base da consciência e da interconexão universal, e propõe que a ciência deve ampliar sua visão para integrar mente, energia e informação como um só sistema vivo.
Conceito-chave: O Campo Akáshico é um campo universal de memória e conexão. A consciência humana participa desse campo, podendo acessá-lo intuitivamente.
Sérgio Roberto Ceccato Filho (1963–2020)
https://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/26629

Teoria sistematizada: Homeostase Quântica Informacional (2008–2018)
Terapeuta brasileiro, Ceccato desenvolveu a HQI – Homeostase Quântica Informacional, uma proposta integrativa baseada nas ideias de Bohm, Di Biase, Laszlo e na física informacional. Ele propôs que a realidade pessoal de cada indivíduo é a manifestação direta do seu campo de informações inconscientes, e que, ao reorganizar essas informações (crenças, traumas, padrões), é possível curar doenças, alterar comportamentos e mudar o destino.
A HQI une física, psicologia e espiritualidade, propondo uma metodologia terapêutica que atua no nível da informação que estrutura a realidade individual.
Conceito-chave: A realidade que vivemos é uma construção vibracional e informacional do nosso campo de consciência. Ao reprogramar esse campo, transformamos nossa experiência de mundo.
Uma Nova Visão de Realidade
Do bit de Shannon, à retrocausalidade de Cramer, à ordem implícita de Bohm, à totalidade akáshica de Laszlo, e à cura informacional da HQI, temos uma jornada extraordinária.
Esses pensadores, cada um em seu campo, convergem na afirmação de que:
O universo não é uma máquina. Ele é um campo vivo, informado e consciente — e nós somos parte ativa dessa estrutura.
Essa nova cosmologia não apenas transforma nossa compreensão da ciência, mas reconecta razão e espiritualidade, corpo e mente, mundo interno e externo, em uma só dança cósmica de significados.